Exportadores absorvem apenas parte do ganho com aumento das cotações internacionais
Uma forte valorização do café no mercado internacional não foi suficiente para agradar totalmente os exportadores da commodity em 2005. Apesar do aumento de 43,8% na receita cambial com as exportações – de US$ 2 bilhões, em 2004, para 2,9 bilhões – a receita em real cresceu apenas 19%, de R$ 5,9 bilhões para pouco mais de R$ 7 bilhões. O motivo foi a desvalorização do dólar frente ao real. Durante 2005, a cotação média da moeda americana foi de R$ 2,43, queda de 17% em relação aos R$ 2,93 apurados em 2004. Dessa forma, os exportadores “deixaram de ganhar” mais de R$ 1,4 bilhão. “A renda gerada com as exportações cresceu significantemente, mas poderia ter crescido o dobro”, observa Guilherme Braga, Diretor Geral do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé).
O aumento da receita em dólar durante 2005 deve-se unicamente à elevação das cotações internacionais do café, uma vez que o volume embarcado pelo Brasil apresentou ligeira retração. De acordo com o Cecafé, o preço médio da saca do produto subiu 46,7% em 2005 – de US$ 75,94, em 2004, para US$ 111,41. A pressão sobre os preços acontece por causa da menor oferta mundial do grão. No Brasil, a safra 2004/05 é de 33 milhões de sacas, cerca de sete milhões abaixo do apurado na colheita anterior.
Para 2006, o Cecafé trabalha com um cenário de cotações internacionais em alta e de estabilidade na cotação da moeda americana. “Os economistas prevêem o dólar flutuando entre R$ 2,40 e R$ 2,45, mas são os mesmos que estimavam um dólar de até R$ 3,20 em 2005”, ironiza Braga, do Cecafé.