Câmbio preocupa mais do que demanda

Por: Folha de S. Paulo

05/01/10


DA REDAÇÃO


A reação da economia mundial e o câmbio vão determinar os ganhos do setor de agronegócio brasileiro neste ano.


No caso da líder soja, o desafio será encarar a chegada de uma supersafra na América do Sul, após recorde também nos Estados Unidos. “O bom é que o ritmo de consumo dos chineses é exuberante”, diz Fernando Muraro, da AgRural.


“Realmente não há preocupação de demanda para este ano, mas a incerteza virá do câmbio”, completa Anderson Galvão, da consultoria Céleres. As exportações do complexo soja podem trazer de US$ 16 bilhões a US$ 17 bilhões neste ano, segundo o mercado.


O cenário deve ser melhor também no setor sucroalcooleiro. A produção de álcool aumenta e os preços devem ser melhores do que os de 2009. O valor do açúcar deve permanecer em bom patamar no mercado internacional, mas o deficit mundial do produto cai, pressionando menos os preços.


Para José Vicente Ferraz, diretor técnico da AgraFNP, as exportações do setor devem render US$ 10,5 bilhões.


Este ano será mais favorável também para as carnes. Melhoram as demandas externa e interna. Mas a melhora de cenário pode refletir pouco na renda dos produtores, principalmente no setor de carne bovina.


A concentração veio mais rápido do que se esperava, e “a indústria já tem participação significativa na formação dos preços no Brasil”, diz Ferraz.


As carnes devem render US$ 11,5 bilhões nas exportações. A de frango lidera (US$ 5,9 bilhões), seguida da bovina (US$ 3,9 bilhões) e da suína (US$ 1,3 bilhão), segundo a AgraFNP.


As receitas com café, outro importante setor da balança, ficam entre US$ 4,6 bilhões e 4,8 bilhões, “em face da recuperação do mercado”, diz Guilherme Braga, do Cecafé (associação dos exportadores). Já o mercado de suco de laranja, após ter experimentado recuperação em 2009, voltará a ter uma média de preços superior neste ano, diz Maurício Mendes, presidente da AgraFNP e membro do Grupo de Consultores em Citros.


O setor enfrenta, no entanto, um recuo no consumo mundial, o avanço do “greening” (uma doença que afeta seriamente os pomares do Brasil e dos EUA), além de uma forte concorrência do surgimento de outras bebidas.


Na avaliação de Mendes, as exportações deste ano crescem e devem atingir US$ 2 bilhões.
 

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