Câmbio inviabiliza exportações do agronegócio

23 de março de 2006 | Sem comentários Comércio Exportação
Por: Folha de São Paulo








Valorização do real em relação a cesta de moedas é maior do que a alta das commodities no mercado externo
MAURO ZAFALON
DA REDAÇÃO
O câmbio já começa a afetar o saldo do agronegócio. Dependendo do comportamento do real nos próximos meses, as exportações de commodities podem perder ainda mais a atratividade.

Sem exportações, e com oferta interna maior de produtos, os preços vão cair e comprometer ainda mais a renda dos produtores brasileiros.

É o que mostra estudo do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada) da Esalq (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz), da USP (Universidade de São Paulo).

Fabiana Fontana, pesquisadora do Cepea, diz que, para acompanhar esses dados, o órgão montou um índice de atratividade de exportações composto por dois itens: câmbio e preços externos. O resultado já é preocupante e deve ficar ainda pior se não houver mudança tanto no rumo do câmbio como no dos preços.

Fontana cita os dados de dezembro de 2005, quando o índice de atratividade das exportações já mostrava recuo de 14,66% em relação ao do mesmo mês de 2004.

Nesse período analisado, o Cepea constatou que o valor de uma cesta de moedas dos países parceiros do Brasil no comércio exterior teve queda de 20,67% em relação ao real.

No mesmo período, os preços das commodities tiveram alta de apenas 7,58% no mercado externo. Ou seja, o avanço do real foi bem maior do que a recuperação dos preços externos.

Fontana cita, ainda, os dados de janeiro de 2006 em relação aos de 2005. A alta das commodities no mercado externo, puxada por alguns produtos como açúcar, café e suco de laranja, permitiu valorização média de 11,23%. Já o volume exportado subiu apenas 4,3%.

Os dados de janeiro deste ano em relação aos de dezembro, embora tenham componente sazonal forte, indicam alta de apenas 0,41% nos preços das commodities e queda de 18,85% no volume exportado.

A pesquisadora do Cepea diz que a mensagem fica clara: a alta de preços já não consegue mais ser um atrativo para as exportações devido à valorização do real. Essa taxa de câmbio “começa a comprometer as exportações do futuro e o saldo externo”.

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