Câmbio desanima setor cafeeiro

Desvalorização da moeda americana só foi compensada, nas exportações, pelo aumento da cotação internacional do café

23 de novembro de 2005 | Sem comentários Comércio Exportação
Por: Estadão por Tomas Okuda

A taxa de câmbio tem preocupado agricultores e exportadores, em particular do setor de café. O real fortalecido em relação ao dólar reduz a competitividade do produto nacional no mercado externo e o produtor tende a perder renda, por causa de custos dolarizados. “Com menor rentabilidade, a oferta contrai e o fluxo de comercialização torna-se mais difícil”, avalia o diretor-geral do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), Guilherme Braga.

Os representantes dos produtores engrossam o coro dos preocupados. Segundo o presidente do Conselho Nacional do Café (CNC), Maurício Miarelli, a renda extra, que poderia ser obtida com a alta dos preços do café, foi tirada pelo câmbio. “O produtor pagou caro, em dólar, para comprar os insumos”, diz. “Na hora de comercializar a produção, recebeu menos porque a moeda americana se desvalorizou frente o real.”

Para os produtores, a oferta de crédito pode ser a saída para evitar a venda do grão a qualquer preço, já que os compromissos financeiros com fornecedores de insumos e com liquidação de Cédula de Produto Rural (CPR) começam a se multiplicar no fim deste mês. Nesse sentido, o setor espera que na reunião mensal do Conselho Monetário Nacional (CMN), marcada para amanhã, seja encaminhado voto para liberação de R$ 400 milhões do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé), para custeio da safra 2006/2007.

DÓLAR EM QUEDA
O diretor-geral do Cecafé acrescenta que o câmbio só não fez maiores estragos porque o fortalecimento do real coincidiu com a valorização dos preços internacionais do café, entre o fim do ano passado e o primeiro semestre deste ano. O dólar médio em 2004 foi de cerca de R$ 2,92, mas encerrou o ano entre R$ 2,60 e R$ 2,70. Entre maio e junho de 2005, a moeda norte-americana já tinha despencado para R$ 2,40. A partir de então, começou a cair mais lentamente, até chegar aos atuais R$ 2,20.

Graças à alta dos preços internacionais do café (40%, em média), a participação do produto na pauta de exportações do agronegócio brasileiro deve saltar para cerca de 8% este ano, em comparação com 5% em 2004. O País deve embarcar entre 26 milhões e 26,5 milhões de sacas de 60 quilos, proporcionando receita cambial de US$ 2,8 bilhões.

Estima-se que o agronegócio garantirá ao País US$ 38 bilhões em receita com exportação. Braga prevê que o Brasil deve participar com 31% do mercado mundial de café em 2005 (até 26,5 milhões de sacas), considerando exportações globais de 86,5 milhões de sacas.

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