Calor escaldante queima grãos de café robusta no Brasil

O clima não está dando sossego para os produtores rurais. Enquanto uma onda de frio ameaça as safras de inverno nos EUA, as temperaturas abrasadoras colocam em risco as perspectivas do Brasil para uma safra recorde de café robusta.

3 de fevereiro de 2019 | Sem comentários Análise de Mercado Mercado

1 de fevereiro de 2019 Normalmente resistentes, os grãos robusta — usados para café instantâneo e expresso — estão torrando antes mesmo de serem colhidos, devido ao calor implacável nos estados do Espírito Santo e da Bahia. As temperaturas máximas deste mês estão até 8 graus Celsius acima da média nos principais estados produtores, segundo a Somar Meteorologia.

“Os grãos estão queimando devido ao calor escaldante e à falta de chuva”, disse Edimilson Calegari, gerente-geral da maior cooperativa brasileira de café robusta, a Cooabriel, de São Gabriel da Palha, no norte do Espírito Santo, por telefone.

Com dias consecutivos de altas temperaturas, o lado da cereja do café que fica exposto ao sol desidrata, impedindo que o grão de dentro se forme corretamente, disse Calegari.

Após chuvas abundantes no segundo semestre do ano passado, que aumentaram o otimismo em relação à safra, as áreas de cultivo de café robusta do Espírito Santo receberam apenas 5 milímetros em janeiro, menos do que a média de 150 milímetros para o mês, segundo a Somar.

O principal problema, porém, é o calor escaldante, com temperaturas que chegam a 37 graus Celsius. As plantas cheias de cerejas em formação chegam a ser submetidas a nove horas por dia de temperaturas acima de 30 graus, disse Celso Oliveira, meteorologista da Somar em São Paulo, por telefone.

O Espírito Santo e a Bahia respondem por mais de 80 por cento da safra de café robusta do Brasil. O sul da Bahia é a região mais duramente afetada.

“Na Bahia, as condições de safra estão terríveis porque eles não contam com irrigação para aliviar o estresse das plantas”, disse Calegari, da Cooabriel.

Antes da onda de calor, a previsão era que a safra brasileira de café robusta bateria recordes, recuperando-se após uma seca severa em 2016. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estimou a safra de café do país em 54,5 milhões de sacas, sendo 16,3 milhões de sacas de grãos do tipo robusta.

“Alguns produtores preveem perda de 10 a 15 por cento”, disse Calegari. “Nós produziremos menos, com certeza, mas não podemos estimar nada por enquanto.”

As precipitações podem voltar ao Espírito Santo em 4 de fevereiro e fortes chuvas nos sete dias seguintes deverão baixar as temperaturas, disse Oliveira, da Somar. Até lá, as plantações de robusta continuarão sob estresse, já que as temperaturas máximas projetadas são de 35 graus Celsius, disse. “No sul da Bahia, a perspectiva é menos otimista porque as precipitações só voltarão depois de 8 de fevereiro.” (Fonte: Bloomberg)

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