Cafezinho mais caro
O consumo interno de café já desperta no mundo um temor de que os preços subam pelo desinteresse do Brasil em exportar. Mesmo com a estimativa da Organização Mundial do Comércio (OMC) de que a demanda cresça apenas 1,5% este ano, produtores nacionais tentam precificar a safra recorde prevista para 2012 e a expectativa de que o país se torne o maior consumidor mundial do produto, superando os Estados Unidos.
Há duas semanas, a commodity bateu preço recorde, chegando a ser negociada a R$ 525 a saca. Embora esse valor tenha diminuído nos últimos dias, o preço ainda está descolado do cobrado no mercado internacional. Esse movimento acontece porque, antes de vender, o produtor nacional considera explorar o mercado brasileiro, expli ca Nathan Herszkowicz, presidente a Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic).
Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a safra 2011/2012 prevê 52 milhões de sacas de café. Destas, 20 milhões serão destinadas ao mercado interno. Segundo Herszkowicz, a força do setor produtivo é tanta que, mesmo com absorção de 40% da produção pelo consumo doméstico, o Brasil ainda detém 34% do comércio mundial da commodity. “Não há margem sobre a oferta. Os preços sobem muito facilmente, o que é repassado instantaneamente para o setor industrial. Para o consumidor final, o repasse é mais demorado, mas praticamente inevitável”, diz.
O nível dos estoques, ainda em patamares muito baixos, tem contribuído para que os produtores segurem os grãos e avaliem propostas melhores antes de vender. “A oferta está muito apertada. Pode haver disputa no mercado por lotes de café”, alerta Herszkowicz.