Para o chá, o futuro é promissor. A segunda bebida mais consumida no mundo–atrás apenas da água–começa a ganhar seu espaço no país. O hábito, levado da China pelos ingleses há mais de 400 anos, finalmente ganha força no Brasil. Muitos começam a comparar seu crescimento com o que o vinho sofreu na última década.
Há não muito tempo nada se sabia sobre o vinho no Brasil. Hoje, o sucesso é absoluto. Com o chá não é diferente. Apesar de seu consumo ter crescido cerca de 50% no ano passado, muito pouco se sabe sobre a bebida. E são menos ainda os entusiastas que a consomem regularmente. O cenário, porém, começa a mudar.
Primeiro, altera-se o conceito que o brasileiro possui. “A confusão sobre chá e infusão sempre existiu” conta Mariane Fontoura, especialista na bebida. “Só podemos chamar de chá os feitos a partir da folha da Camellia sinensis” completa. O comum no país são as infusões, bebidas feitas a partir da imersão em água quente de qualquer tipo de folha, flores ou frutas.
BENEFÍCIOS
A Camellia sinensis pode originar chás preto, verde ou oolong. São, na ordem, fermentados, não-fermentados e meio-fermentados. Normalmente são vendidos a granel, e não nos famosos saquinhos, que se tornaram sinônimo de chá. Os verdadeiros chás são vendidos em lojas especializadas. Inúmeras instalaram-se no Brasil nos últimos anos.
O saquinho foi uma invenção do início do século, feita por um comerciante de Nova Iorque, Thomas Sullivan. Era o jeito encontrado para o transporte de folhas de chá. Inicialmente eram feitos com seda. Hoje são feitos de papel-filtro, inodoros e sem sabor. Metade dos chás vendidos nos Estados Unidos, por exemplo, vem saquinhos.
Além de ser um hábito social, o chá traz inúmeros benefícios. Segundo Mariane, “o chá verde, por exemplo, reduz o risco de câncer de estômago, enquanto os chás preto reduzem o risco de problemas cardíacos e gastrite”. Os chás também ajudam a combater o envelhecimento das células e a controlar a pressão arterial.
Mas é preciso tomar cuidado, alertam os especialistas. Se a bebida for consumida próximo a refeições, a absorção de ferro do organismo irá diminuir. A cafeína pode provocar insônia, e o chá também possui um efeito diurético. Os velhos problemas que já conhecemos do café.
MISTURAS
A grande novidade agora são as misturas e os chás exóticos. O chinês gunpowder, por exemplo, é vendido em forma de bolinhas que explodem durante a infusão. Dentre os mais caros está o indiano Darjeeling, cultivado em altitudes superiores a 700 metros. Vale o mesmo que os grandes vinhos franceses. Deve-se desembolsar 110 reais para 50g do produto.
Os drinks, por sua vez, são mais desconhecidos, mas não deixam a desejar. Um whisky puro malte, por exemplo, combina com o O´Connors Cream, um chá preto com cacau. Outro drink interessante é o chá com champagne. O Waikiki Beach, um chá de frutas, é o mais recomendado. Após a infusão, entretanto, o chá deve ser resfriado.
A HISTÓRIA DA ORIGEM DO CHÁ
A China é tida como o país de origem do chá. Segundo a lenda, o Imperador chinês Shen Nung, em 2.737 a.C. , fervia água para beber quando algumas folhas de uma árvore próxima caíram na panela. Hoje, porém, outros países se destacam como produtores de chá de qualidade. Cada um possui uma característica específica.
Os melhores chás pretos do mundo são os indianos. Destaque para os produzidos na região de Assam, Darjeeling e Niligri. Já o Sri Lanka é conhecido por chás mais leves. Ultimamente as plantações de cafés do país têm dado espaço para a produção de chá. A China, por sua vez, é um dos principais países produtores dos blends, ou seja, das misturas de chás.
Qualquer chá, entretanto, na Inglaterra será bebido com leite. Sim, a prática é quase obrigatória entre os ingleses, e muito pouco difundida no país. “Ao adicionar o leite, os taninos do chá ligam-se imediatamente com as proteínas do leite, tornando a bebida menos adstringente” explica Mariane Foutoura. Só não é recomendado o leite para os chás verdes.
FUTURO
O chá, entretanto, representa ainda apenas 5% do total de bebidas vendidas. Mas Lemos não desanima, afirma que a adesão do brasileiro a nova bebida “ainda vai demorar, mas logo será uma febre”.
O investimento já caminha a passos largos. Em Curitiba, quem apostou no negócio foi Mariane Fontoura, que inaugurou a algum tempo a Loja do Chá – Tee Gschwendner, no shopping Müller. “Quando abrimos a loja esperávamos encontrar um público que preze por qualidade acima de tudo” conta Mariane.
Cada vez mais as pessoas buscam hábitos de vida mais saudável, continua Mariane. Inegável são os benefícios do chá para isso. Por isso muitos entusiastas também procuram a loja para aumentar os conhecimentos e o consumo sobre essa que é a bebida mais popular do mundo. “O chá verde especificamente está aumentando suas vendas” afirma a empresária. Pesquisas recentes comprovaram a eficácia dele na prevensão de inúmeras doenças.
A maior dificuldade é a sazonalidade das vendas. Cai drasticamente no verão, menos dezembro e janeiro, quando o natal e turistas curiosos sobre a bebida ajudam no movimento. As lojas especialidades encontram-se somente nas grandes capitais.
A Loja do Chá – Tee Gschwendner, está há mais de nove anos no Brasil e conta com oito lojas no total. “O brasileiro está preocupado com a qualidade e a origem do produto” afirma Mariane Fontoura, que é a representante da marca em Curitiba. Por isso dos mais de 250 tipos de chá da loja, 80% são orgânicos, todos certificados.
Serviço:
– Informações são do ano de 2006 podem estar desatualizadas
A Loja do Chá – Tee Gschwendner fica no Shopping Mueller, Piso Matheus Leme – Loja ML 61, localizado à Avenida Cândido de Abreu, 127 – Centro. O telefone para contato é 41 3232-5208.
**Também existem franquias da marca em São Paulo (Shopping Iguatemi, Higienópolis e Villa-Lobos), Porto Alegre, Brasília e Florianópolis.