Café Carioca – 70 anos Texto atualizado em 24 de Novembro de 2009 – |
por Laire José Giraud * |
Existem certos locais que identificam uma cidade. É o caso do conhecidíssimo Café Carioca, que fica situado no Centro Histórico de Santos (SP), mais precisamente na Praça Mauá. Acredito que não há santistas de nascimento ou de coração que não conheçam o tradicional café.
É dentro daquele alegre salão, com suas mesas e balcões sempre cheios de fregueses, que há sete décadas, santistas e turistas saboreiam deliciosos sanduíches e pastéis. Ao longo de todos esses anos, passaram pessoas simples e famosas, como Getúlio Vargas, Gaspar Dutra, João Goulart e Lula, além de pessoas da Cidade que deixaram seus nomes gravados no livro de ouro do célebre estabelecimento, dentre os quais Mário Covas, Silvio Fernandes Lopes, Pelé, Jaime Caldas, Narciso de Andrade, Nelson Salasar Marques, Plínio Marcos e muitos outros. A lista é grande. Muitas são as recordações, dentre elas a do falecido garçom Jerônimo, sempre atencioso e que chamava os fregueses do estabelecimento de “amiguinho”. Lembro, também, de uma mesa onde sentavam diariamente 16 amigos, e no decorrer do tempo esse número foi paulatinamente diminuindo. Por razões da vida, hoje só restam quatro desses amigos.
Com toda certeza, a primeira vez que entrei no Café Carioca foi pelas mãos de meu pai, que mantinha consultório médico na Rua Riachuelo com a Praça Mauá. Isso lá pelos idos de 1952. Toda vez que ia ao Carioca, saboreava um misto quente feito com presunto tender (com guaraná caçula), ou a famosa mantequilha (bolo amanteigado). Recordo de uma segunda-feira de Carnaval (naquele tempo se trabalhava nesse dia), acho que em 1955, onde lanchamos e depois cortamos cabelos, no salão de barbeiros que ficava na Dom Pedro II, colado ao Carioca. Nesses anos, muitas coisas se modificaram, como: frequentadores, proprietários, funcionários, novos pratos. E até o salão ficou maior. Mas uma coisa é certa: a qualidade é a mesma. Isso posso afirmar categoricamente, pois raro é o dia em que não passo por lá para tomar um cafezinho ou saborear um de seus deliciosos pastéis, que são conhecidos até no exterior.
A seguir, a origem do Café e Bar Carioca conforme manuscrito elaborado por seu fundador. “Eu, MANOEL DE PAIVA FERNANDES, em setembro de 1939, aluguei uma loja com duas portas na Rua Dom Pedro II nº. 16 e em 24 de novembro de 1939 inaugurei o CAFÉ E BAR CARIOCA. Na época á esquina da Praça Mauá com a Rua Dom Pedro II estava ocupada com a Telefônica, a qual desocupou em setembro de 1940. O proprietário, Sr. Manoel Fernandes Vieira, me escreveu uma carta oferecendo-me a loja caso eu quisesse mudar para lá.
E assim terminou a primeira fase, e fiquei sem trabalho uns meses, mas um dia eu estava na Rua João Pessoa em frente ao Bar Caravelas e encontrei com o Sr. Serafim de Almeida Rato e ele convidou-me para fazer com ele e o Sr. Arlindo Quaresma a compra de um bar numa sociedade. Então ficamos estudando o caso para depois entrar em atividade, mas neste intervalo fui ao Carioca e então falando com o Sr. Jandir, o proprietário, lhe falei que iria com mais dois sócios comprar um negócio na praia. Ele se mostrou interessado em vender o Carioca, então falei com o Sr. Serafim e o Sr. Quaresma e lhe disse que era melhor nós comprarmos o Carioca, e foi o que fizemos, e passado algum tempo o movimento começou a melhorar e resolvemos admitir mais um sócio que foi o Sr. Antonio Maneira da Silva, fazendo uma sociedade com quatro sócios que durou vinte e cinco anos, pois foi até dezembro de 1973.
A coluna Recordar do PortoGente parabeniza o sempre jovem Café Carioca, que neste 24 de novembro está apagando 70 velinhas, através de seus dirigentes, dentre eles: Serafim de Almeida Rato, Antonio Almeida Soares, Antonio Soares da Costa, Marcos Gregório, Manoel Vasquez Fernandez (Manolo) e José Rodriguez (Pepe), bem como aos seus funcionários e frequentadores. O café Carioca é um verdadeiro patrimônio da Cidade de Santos. Carioca, tenha vida longa!
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