Cafeteiras sofisticadas caem no gosto dos mineiros amantes de cafés especiais

Em valores, os equipamentos domésticos tendem a movimentar R$ 20 milhões em 2012

2 de julho de 2012 | Sem comentários Cafeteria Consumo

Fã da bebida diferenciada, Manabi Coelho faz questão de caprichar no preparo de suas xícaras em casa


O tradicional cafezinho mineiro extrapolou o coador de pano e ganha sabores mais diferenciados e sofisticados nas máquinas de marcas internacionais, como a suíça Nespresso, as italianas Gaggia e Ariete e a australiana Breville. O luxo chega com força aos tradicionais cafés nos ambientes familiares e incentiva lojistas e marcas a fazerem investimentos maiores no estado. De grão em grão as vendas de café aquecem o mercado de máquinas, que deve somar 400 mil unidades comercializadas no país neste ano, contra 300 mil em 2011, segundo fabricantes. Em valores, os equipamentos domésticos tendem a movimentar R$ 20 milhões em 2012.


 No dia 20 a suíça Nespresso inaugura a primeira butique da marca em Belo Horizonte, no quarto andar do BH Shopping, em área de 135 metros quadrados. É a 11ª unidade no país que vai ser aberta dentro de novo conceito, com design mais moderno e inovador do arquiteto italiano Aldo Parisotto. “É um grande desafio abrir a loja na capital do café. Mas a sofisticação do produto no Brasil está mudando. O café comum não cresce. O que cresce é o gourmet”, afirma Stefan Nilsson, diretor da Nespresso para América Latina.


 As máquinas vão ser comercializadas por preços que vão de R$ 495 (Essenza) a R$ 1,15 mil (Lattissima). Essa última pode ser usada com água e leite e adaptar o capuccino. Todas as máquinas têm 19 watts de pressão. “Elas precisam de alta e constante pressão para certificar que vai sair todo o aroma do café”, explica Nilsson.


“O café deixou de ser aquela coisa estranha de fim de refeição e virou opção de cardápio”, afirma Magda Dias Leite, dona do Café Bistrô Santa Sophia, aberto há sete anos no Bairro de Lourdes, em BH. “Meus clientes vão desde crianças, que tomam o coffe shake, a adultos”, observa. As vendas do seu café de marca própria na loja ou para clientes que optam por levar o produto para casa, crescem de 8% a 12% ao ano.


 No cardápio há xícaras e drinks, com preços que vão de R$ 3,50 a R$ 19. “As pessoas hoje entendem que vale a pena à pena pagar pelo café mais caro”, diz. A ideia de montar o Santa Sophia nasceu do seu próprio fascínio pelo produto. Magda costumava tomar, em média 15 xícaras por dia. Hoje reduziu, está entre seis a sete xícaras diárias. Na sua casa tem uma máquina há oito anos, a Ariete Vintage.


 No Centro de Belo Horizonte, o Café Kahlua é conhecido por sua marca própria, a João Caetano. O café é torrado dentro da loja e tem origens de lugares diversos: chapada de Minas, Cerrado Mineiro, Paraná, Bahia e Pernambuco. O proprietário da casa, Ruimar de Oliveira Júnior, conta que começou a trabalhar com café diferenciado há 10 anos e o consumo vem crescendo em torno de 10% ao ano.


 A xícara no Kahlua tem preços que vão desde R$ 4 a R$ 35, como é o caso do Kopi Luwak, considerado o mais caro do mundo. O café do Jacu, pássaro da Mata Atlântica encontrado no Espírito Santo e em Minas Gerais, também é cobiçado na loja. O café agrada ao paladar do pássaro, que seleciona os grãos mais maduros, se alimenta com eles e os defeca inteiros com as fezes. No Brasil são produzidas apenas 12 sacas de 60 quilos ao ano. “Eu consigo só uma saca e meia ao ano”, afirma Ruimar.


Cápsulas de preços amargos


 A Nespresso vai vender em sua butique 16 misturas diferentes de cafés (nove expressos, três pure origin e quatro lungos). As cápsulas têm preços a partir de R$ 1,90. Há edições limitadas, com características raras e preços mais amargos, que chegam a R$ 3 por unidade. É o caso por exemplo do Dulsão do Brasil, que é a mistura dos blends Bourbon Amarelo e Vermelho, que lembram o sabor de um cereal e tem açúcar natural mais forte.


Stefan Nilsson reconhece que os preços das máquinas e cápsulas são amargos no Brasil, mas culpa as altas taxas de importação. Do total de café produzido pela Nespresso no mundo inteiro, 50% vem do Brasil. E Minas Gerais é o maior fornecedor brasileiro, com 75% do total. O produto é levado daqui para a Suíça, onde é feita a moagem e fabricação. Depois volta ao Brasil, bem mais caro.


A supervisora de marketing Manabi Coelho é fã de café e estudiosa do tema. Ela toma, em média, oito xícaras por dia. Em sua casa, em Belo Horizonte, tem uma máquina de Nespresso. Na casa de sua mãe, em Gonçalves, no Sul do estado, há outra de café torrado e moído. “Já morei na França por dois anos, mas não troquei o café pelo chá”, diz Manabi. Para tentar minimizar o alto preço das cápsulas no país e diminuir o frete, Manabi faz encomendas junto com um grupo de amigos pela internet. “Mas já comprei no exterior também, pois lá é mais barato. Vim com mala cheia de cápsulas e estoque para seis meses”, diz Manabi.


Na Tool Box, com cinco unidades na capital, o preço das máquinas de café vai de R$ 395 (Nespresso) a R$ 4,09 mil (Gaggia de grão moído na hora). “As vendas estão crescendo. Há uma cultura de café expresso sendo criada”, diz Andréa Kalil, gerente de e-commerce da Tool Box. A rede não comercializa os sachês de cafés para as máquinas, mas Andréa afirma que podem ser encontrados no mercado por preços a partir de R$ 1. “Os valores estão caindo. Antes custavam entre R$ 1,50 e R$ 1,80”, diz.

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