A qualidade do produto é fruto da dedicação, da tradição e também do manejo sustentável
BELO HORIZONTE (22/11/24) – A Semana Internacional do Café (SIC), que aconteceu de 20 a 22 de novembro no Expominas, em Belo Horizonte, buscou conectar profissionais e gerar oportunidades para toda a cadeia do setor. Durante o evento, os visitantes puderam fazer negócios, participar de palestras e também de concursos, inclusive o 4º Concurso de Qualidade do Café dos Geraizeiros de Santo Antônio do Retiro e Serranópolis de Minas.
A premiação foi promovida pela Emater-MG e com o apoio das prefeituras, da Cooperativa Agropecuária do Vale do Sapucaí (Coopervass), do Sicoob Credivag e do Sebrae, e aconteceu na última quinta-feira (21). Quarenta e três amostras foram avaliadas e cinco, de cada município, chegaram à final. Os campeões foram Vinícios Antunes Pereira, do município de Santo Antônio do Retiro, e Leonardo Ramos Brito, de Serranópolis de Minas.
Vinícios, de apenas 20 anos, conta que trabalha com o pai desde pequeno e decidiu investir na própria lavoura de um hectare. Essa é a primeira vez que participa de um concurso e está satisfeito com o resultado. “Quero agradecer o apoio da Emater-MG. Graças a Deus e ao esforço de muita gente conseguimos o primeiro lugar e de agora em diante é aumentar a área”, diz o jovem.
Já Brito começou na cafeicultura há quatro anos, devido a influência de outros produtores. Segundo ele, a participação no concurso e a premiação foram uma surpresa. “Mandei as amostras até um pouco desacreditado, mas graças a Deus foi uma experiência única. Estou muito feliz! Só tenho que agradecer a todos que nos apoiaram. A minha expectativa é melhorar ainda mais e ampliar o mercado consumidor do nosso café”. Além de ser o primeiro colocado, Leonardo ainda representou o pai, Lourenço José de Brito, que recebeu o troféu pelo terceiro lugar.
Cafés raros
O coordenador técnico estadual de Culturas da Emater-MG, Sérgio Brás Regina, ressalta que a premiação do Café dos Geraizeiros busca valorizar a qualidade dos grãos e divulgar o produto. “Esses cafés são especiais, alcançando em média 87 pontos, apresentam atributos raros com corpo cremoso, adocicado e acidez cítrica, caracterizando assim um produto complexo”, finaliza. Segundo Regina, a qualidade dos grãos é resultado do clima ameno e das altas altitudes (região próxima a Serra Geral) e também da dedicação dos cafeicultores.
Além da premiação, os especialistas foram convidados a participarem do Cupping, que é a degustação dos cafés. Gustavo Magalhães Paiva, consultor da ONU (Organização das Nações Unidas), elogia os atributos do café. “É um café de extrema qualidade, adocicado, a fermentação é diferenciada e tem todas as características de um bom café”, diz.
Para o extensionista da Emater-MG em Santo Antônio do Retiro, Leandro da Silva Santos, é importante a participação dos cafeicultores em um evento como a Semana Internacional do Café para que eles possam conhecer novas tecnologias, trocarem experiências e fazerem negócios.
Os geraizeiros e a tradição na cafeicultura
O termo geraizeiro se origina de Gerais, uma área de transição entre o cerrado e a caatinga, que abrange o norte de Minas Gerais, na Serra Geral, até o oeste baiano. Os geraizeiros são comunidades tradicionais, que possuem um conhecimento sobre o cerrado que é passado entre as gerações.
Sérgio Regina destaca que as comunidades geraizeiras têm tradição na agricultura familiar, sendo o cultivo de café um dos carros chefes da produção. Segundo o coordenador técnico regional de Culturas da Regional de Janaúba, Arquimedes Batista Teixeira, “são cafés especiais, arábica, plantado em pequenas áreas, sombreadas com pequi. O manejo além de ser agroecológico é feito de forma irrigada”. Entre as variedades cultivadas estão a Typica, que é considerada raríssima e uma das primeiras cultivadas no país.
Leandro da Silva conta que, em Santo Antônio do Retiro, há cafezais com mais de 100 anos e o município tem aproximadamente 70 cafeicultores, trabalhando em regime de sequeiro. Já em Serranópolis de Minas, segundo ele, a cafeicultura não é uma atividade tradicional, mas cerca de 30 cafeicultores têm se saído bem com a produção.
A produção dos cafés especiais das Gerais ainda é pequena, podendo variar de 10 a 120 sacas por hectare e comercializada em cafeterias e estabelecimentos da região. “Quando você bebe um café das Gerais, além da qualidade, temos contato com a rica história desse povo”, ressalta Sérgio Regina.
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