Por Lessandro Carvalho, do Guarujá/SP
SAFRAS (18) – A produção brasileira de café 2006/2007 deve ficar em 41,5 milhões de sacas. A estimativa parte do Neumann Kaffee Gruppe, uma das maiores companhias do ramo de café no mundo e foi apresentada pelo diretor da unidade estatística do grupo alemão, Neil Rosser, durante o 16o Seminário Internacional do Café de Santos, que se realiza de 16 a 19 de maio em Guarujá, São Paulo. A produção de arábica no Brasil deve ficar em 30,0 milhões de sacas, com a safra de robusta em 11,5 milhões de sacas, segundo o Neumann Gruppe. Rosser destacou que a estimativa da Neumann é anterior a da Conab (Companhia Nacional do Abastecimento) e que, assim, podem haver mudanças nos números.
A safra 2005/2006 foi indicada em 34 milhões de sacas, sendo 21,7 milhões de sacas de arábica e 12,3 milhões de sacas do robusta. A grande pergunta no mercado, como falou Neil Rosser em palestra, é qual será o tamanho da safra 2007/2008 do Brasil, que será colhida ano que vem. A tendência é de uma safra menor diante do ciclo bianual da cultura. No entanto, Rosser destaca que a variação do próximo ano será menor, porque a produção de agora (2006/2007) está abaixo da capacidade e os tratos culturais melhoraram, o que pode incrementar a produtividade para 07/08.
Já a produção mundial 2006/2007 (outubro/setembro) deve chegar a 124,7 milhões de sacas, contra um consumo de 122,2 milhões de sacas. Assim, após três anos de déficits na oferta contra a demanda, finalmente o mercado terá um leve superávit, como destacou Rosser. Em 2005/2006 a produção havia sido de 110,8 milhões de sacas, contra um consumo de 121,5 milhões de sacas.
Neil Rosser observa que o mercado passa por um período de equilíbrio nas relações de oferta e demanda e que deve se manter assim por alguns anos, já que o consumo tende a crescer a uma taxa constante e não há projeções de grandes safras porque não existem aumentos de áreas plantadas entre os principais países produtores.
Em entrevista à Agência SAFRAS, Rosser ressaltou que o mercado realmente tem sinais de estar com condições para o equilíbrio. Observou que o que tende a ocorrer é o maior investimento dos produtores em tecnologia e tratos culturais, podendo melhorar a produtividade, mas não há efetivamente o registro de áreas com crescimento significativo que sugiram uma grande produção e nova crise de baixos preços adiante.
O palestrante do Neumann Gruppe observou que os produtores enfrentaram uma grave crise, que trouxe um choque para o mercado e que ainda o afeta. Rosser avalia que os preços no mercado internacional não estão tão altos como pode se pensar. Além disso, com o equilíbrio maior agora de oferta e demanda, sem sobressaltos, os preços poderão se guiar mais por fatores fundamentais sem ser tão atacados pela volatilidade que vem de fortes posicionamentos de fundos de um lado ou outro do mercado.
Rosser afirmou que os estoques de passagem dos produtores devem cair para 31 milhões de sacas em 2006/2007, contra 39,9 milhões de sacas em 2005/2006. No Brasil, os estoques 2006/2007 são apontados em 15,5 milhões de sacas, contra 21,6 milhões de sacas em 2005/2006. Do lado do consumidor, no entanto, os estoques estão caindo, mas ainda estão em níveis confortáveis, próximos a 19 milhões de sacas. O que tem notoriamente ocorrido é a transferência de estoques de produtores para consumidores.