Estudo realizado em Dracena usou substância como suplemento alimentar na dieta dos insetos
Uma dissertação de mestrado apresentada pela aluna Kamila Vilas Boas Balieira na Faculdade de Ciências Agrárias e Tecnológicas (FCAT) da Unesp, câmpus de Dracena, apontou que o uso de cafeína como suplemento alimentar na dieta de abelhas pode diminuir alguns efeitos subletais ocasionados pelo inseticida imidacloprido sobre estes insetos. O inseticida imidacloprido é amplamente usado no combate às pragas em lavouras do país e do mundo.
O estudo foi apresentado no Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia Animal sob orientação dos professores Fábio Erminio Mingatto e Daniel Nicodemo. A pesquisa foi publicada no periódico Apidologie, da editora Springer, especializado na biologia dos insetos pertencentes à superfamília Apoidea.
As abelhas podem ser prejudicadas quando têm contato com agrotóxicos no campo, com destaque especial para a classe dos neonicotinóides, da qual o inseticida imidacloprido faz parte. Como o apicultor não tem controle sobre a aplicação de tais produtos nas lavouras, sua atenção em relação à saúde das abelhas deve ser redobrada.
Em março deste ano, a Comissão Europeia decidiu banir o uso desse inseticida em campos abertos da União Europeia, com base na análise de mais de 1.500 artigos científicos sobre os efeitos dos inseticidas neonicotinóides sobre as populações de abelhas.
“Sabe-se que o inseticida ocasiona um colapso do sistema nervoso dos insetos, inclusive abelhas. Utilizado para controlar pragas da lavoura, ele muitas vezes atinge as abelhas com dose subletal, ou seja, que não necessariamente mata, mas pode causar outros danos ao inseto”, aponta o professor Daniel Nicodemo, um dos orientadores do trabalho, responsável pelo Núcleo de Operações Sustentáveis da Unesp de Dracena.
A pesquisa foi baseada na avaliação das ações do imidacloprido sobre o sistema antioxidante das abelhas, o qual é responsável pelo combate aos radicais livres, que são espécies químicas que atacam moléculas importantes do organismo do inseto, e que, se não combatidas, podem levar a uma condição conhecida como estresse oxidativo.
O professor Fábio Mingatto, responsável pelo Laboratório de Bioquímica Metabólica e Toxicológica, explica que em doses subletais, o imidacloprido mostrou ser um agente tóxico para as abelhas, uma vez que afetou o sistema antioxidante e induziu a oxidação de proteínas e lipídios de membrana dos insetos. “Esse efeito é prejudicial para as abelhas, pois leva à perda de funções importantes desempenhadas por essas biomoléculas”, explica. Entre as funções dessas biomoléculas está, por exemplo, o forrageamento, que é a busca e a exploração de recursos alimentares por este insetos.
Porém, quando a cafeína foi adicionada à dieta, os efeitos oxidativos provocados pelo imidacloprido diminuíram, indicando que ela pode ser usada como uma alternativa interessante na prevenção da toxicidade provocada pelo inseticida nas abelhas, protegendo-as de condições que possam levar à diminuição do forrageamento.
Veja mais https://link.springer.com/epdf/10.1007/s13592-018-0583-1?author_access_token=PUZlcJYOPsRBD_NkKv6wnPe4RwlQNchNByi7wbcMAY52_M-NdLaaUKtTGEn8eFj1xrLTF-gu-x5yInv6YpYFn_9wCVHYFcx5DXF9kYPqLTn1gtjqZ4iIOI5quYoynnpiV-ADMxHOxoqZ2gn3El0jHA%3D%3D