Beber pelo menos três xícaras de café (ou seis de chá) por dia ajuda a proteger a memória das mulheres de mais de 65 anos, se comparado com aquelas que bebem uma xícara ou menos, segundo um estudo publicado nesta terça-feira na revista “Neurology”.
O estudo do Instituto Nacional da Saúde e Pesquisa Medicinal (Inserm), de Paris, realizado em colaboração com a Universidade de Lisboa, examinou a relação entre o consumo de cafeína e o desempenho intelectual ou cognitivo (memória, língua, lógica) em 4.197 mulheres e 2.820 homens com mais de 65 anos.
A equipe de Karen Richie (unidade “Patologias do sistema nervoso: pesquisa epidemológica e clínica” do Inserm), em colaboração com Alex de Mendonça, do laboratório de neurociência da Universidade de Lisboa, criaram um modelo estatístico a partir de dados recolhidos durante quatro anos em Montpellier, Dijon e Bordeaux baseado nessa amostra (batizada 3C) de mais de 7.000 pessoas.
Após se darem conta de outros fatores que podiam influenciar os desempenhos cognitivos (idade, educação, pressão arterial, doenças cardiovasculares, depressão, incapacidades), este modelo matemático permitiu demonstrar que a cafeína tinha um efeito protetor, mas somente nas mulheres.
“Nosso modelo indica claramente que a cafeína tem impacto no funcionamento do cérebro das mulheres”, disse Karen Ritchie.
Resta compreender porque a cafeína só beneficia as mulheres: “É possível que os homens e as mulheres metabolizem diferentemente a cafeína ou ainda que haja uma interação hormonal”, acrescenta a pesquisadora.
É necessário entender o mecanismo biológico a fim de avaliar se uma terapia à base de caféina poderia ser útil”, disse.
Também de acordo com o estudo, a cafeína não tem efeito na aparição do Mal de Alzheimer. Segundo a pesquisadora, o estudo deverá continuar por mais dois anos para saber melhor a relação entre a cafeína e o Alzheimer porque é provável que o consumo de cafeína não tenha relação com a aparição da doença, mas com sua progressão.
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