Cafeicultura terá que se adaptar às mudanças climáticas

22 de setembro de 2014 | Sem comentários Análise de Mercado Mercado

Fábio Rübenich – Agência Safras

Foi aberto no início da tarde de quarta-feira o 1º Fórum da Agricultura Sustentável, um dos
vários eventos paralelos da programação da Semana Internacional do Café, que está sendo realizada em
Belo Horizonte entre os dias 15 e 18 de setembro.

O pesquisador do setor de agrometeorologia da Escola Superior de Agricultura “Luiz de
Queiroz” (ESALQ/USP), Paulo Cesar Sentelhas, ministrou palestra sobre as “Consequências das
Mudanças Climáticas para a Cafeicultura”.

Segundo Sentelhas, apesar de haver um certo consenso a respeito do aquecimento global e dos
cenários futuros de temperatura, esses ainda apresentam alto grau de incerteza e, portanto, requerem
cautela na avaliação dessas informações.

Os estudos relativos às consequências das mudanças climáticas na agricultura indicam que caso
os cenários previstos de elevação nas temperaturas se estabeleçam no futuro, a cafeicultura sofrerá com:
aumento da necessidade de irrigação; maiores problemas fitossanitários; e redução da qualidade da
produção, o que se deve ao alto grau de dependência da cultura do cafeeiro em relação ao clima.
O aquecimento global vai continuar ocorrendo, muito provavelmente, disse Sentelhas. “Haverá
necessidade, no caso mais extremo, de migração de lavouras para áreas mais frias, como já ocorreu em
São Paulo, onde a cafeicultura se concentra agora nas áreas mais altas, de temperaturas mais amenas”,
exemplificou. No futuro, estados como Santa Catarina e Rio Grande do Sul poderão estar produzindo
café.

Contudo, ponderou o pesquisador, a cafeicultura tem condições de ser mantida onde está, com ou
sem mudanças climáticas. Mas serão necessárias ações para adaptação da cultura a elas. Essas ações
visam minimizar os efeitos das mudanças climáticas na cultura do cafeeiro, tornando-o mais resiliente,
ou seja, mais capacitado a enfrentar certos níveis de estresses ambientais.

Entre estas ações, estão o melhoramento genético, que é o desenvolvimento de variedades de
cafeeiros mais resistentes a altas temperaturas, e o desenvolvimento tecnológico, que é o uso de técnicas
e práticas agrícolas que atenuam o efeito da elevação das temperaturas no cafezal. Entre estas práticas,
estão o uso de áreas adensadas e sombreadas, além de incremento no uso da irrigação. “O caso da soja é
emblemático. Antigamente ela era cultivada apenas no Rio Grande do Sul, onde as temperaturas são
mais baixas. Hoje em dia, a sojicultura está espalhada por todo o Brasil, graças à tecnologia”, salientou
Sentelhas.

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