CAFEICULTURA – Produtor, indústria e cafeterias apostam nos cafés especiais

Embora ainda represente um nicho, segmento já sente o aumento de demanda e amplia oferta de produtos diferenciados para estimular o interesse pela bebida

Por: DCI

Com a perspectiva de aumento no consumo anual de 15,7% até 2021, os cafés especiais conquistam cada vez mais espaço nas lavouras e também nas torrefadoras. Empresas e cafeicultores investem para atender um consumidor disposto a pagar mais por uma bebida de melhor qualidade.

“O mercado de cafés especiais ou gourmet é a grande mudança que o setor tem vivenciado nos últimos dez anos”, afirma o diretor executivo da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), Nathan Herszkowicz.

Pesquisa da Euronomitor encomendada pela Brazil Speciallity Cofee Association (BSCA), indica que neste ano o consumo deve crescer 19% em volume, para 705 mil sacas e movimentar R$ 2,6 milhões, alta de 23% no País. Em 2021, a expectativa é de 1 milhão de sacas e R$ 4,7 milhões em negócios.

É considerado especial o café que tem igual ou superior a 80 pontos na avaliação sensorial da Speciallity Cofee Association (SCA). Além disso, o grão precisa atender a critérios como aroma, sabor, doçura e acidez.

Os associados da Abic representam 70% da produção de café do Brasil e 15% do mercado os cafés especiais e superiores. “A indústria aposta no café especial para valorizar as marcas e ampliar a margem de lucro, mas segue atenta à necessidade de quem consome o café tradicional. Nossa preocupação é que a qualidade cresça também neste segmento”, diz Herszkowicz.

Ele explica que, em razão da competição acirrada com marcas no exterior, a indústria tem mais facilidade de direcionar o produto beneficiado para consumo interno. “Existe uma concentração muito grande fora do Brasil nos cafés industrializados e exportar os produtos brasileiros tem sido um desafio”, acrescenta a diretora executiva da BSCA, Vanusia Nogueira.

No ano passado foram exportados 7,7 milhões de sacas de cafés especiais, com receita de US$ 2 bilhões e tiveram como principais destinos os Estados Unidos, Europa e Japão. Para este ano, a perspectiva é de aumento em volume para 8,5 milhões de sacas.

Em junho, Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex) e BSCA renovaram parceria para o programa Brazil, The Coffee Nation, que terá entre as principais ações a participação em feira na China e de concursos no País. “O café popular é importante, mas é nos mais sofisticados que temos de focar ”, diz o embaixador Roberto Jaguaribe, presidente da Apex.

Abrindo caminho

Na avaliação da consultora Eliana Relvas, as cápsulas abriram espaço para os grãos especiais. “Elas facilitam o preparo, o que dá mais segurança para que as pessoas experimentem sem medo de errar”, explica. “Isso faz com que o consumidor descubra novos paladares e identifiquem o que gostam para, em seguida, buscar grãos e cafés torrados de mais qualidade.”

As marcas também apostam em microlotes – de no máximo 30 sacas – para atrair consumidores para a bebida. Um exemplo é o Grupo 3corações, que lançou o microlote Rituais nesta semana, com cafés produzidos em Piatã, na Bahia. “O brasileiro está redescobrindo o café e se interessa cada vez mais pelas linhas especiais”, diz a gerente de marketing de Food Solutions do grupo, Aline Germano. A empresa espera crescer mais do que o mercado e tem aporte de R$ 160 milhões previsto para este ano, incluindo novas linhas de fabricação e a recente aquisição da marca Café Manaus e construção de unidade na capital amazonense.

Além da aposta da indústria, a expansão das cafeterias focadas em produtos de maior qualidade mostra o interesse do público, ainda que o consumo de especiais represente 2,8% do mercado brasileiro de cafés.

A proprietária da rede Il Barista, Gelma Franco, aposta em um aumento elevado da demanda pela bebida. A rede abriu sua primeira loja de rua neste ano, na qual oferecerá cursos para o público e para profissionais, e deve inaugurar outras duas lojas ainda em 2018. “Esperamos manter o crescimento de 17% neste ano, mas chegar a 22% ao ano até 2020, o que é excelente para o setor”.

Com cinco unidades, o Octavio Café deve abrir outras lojas ainda neste ano, além de revitalizar a unidade da Avenida Faria Lima. O café vendido nas lojas é produzido em seis fazendas na região da Alta Mogiana. “De todo o café que produzimos, 60% é de cafés especiais que têm como destino as cafeterias”, afirma o diretor de varejo do Octavio Café, João Paulo Badaró. O restante dos produtos é exportado para mais de 15 países em todo o mundo.

No campo

Neste ano, a produção de cafés especiais deve chegar a 9,3 milhões de sacas no País, ante a 8,5 milhões de sacas no ano passado, estima a BSCA.

O produtor recebe de 30% a 40% a mais pelo grão especial. “No caso de cafés com pontuação muito alta ou premiados, já cheguei a pagar três vezes mais”, conta Gelma, do Il Barista.

Na Fazenda Santa Mônica, de Machado, Sul de Minas Gerais, as vendas cresceram na casa dos dois dígitos no semestre. “Exportamos 30% da produção da fazenda para mercados como Estados Unidos e Canadá, e seguramos 70% de café no mercado interno, tamanha é a ascensão”, afirma o proprietário, Arthur Moscofian. De 60 a 80% da produção é de especiais.

Fonte : DCI

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