Cafeicultura de Rondônia surpreende analista do Rabobank

O interesse do Rabobank por Rondônia se deu após a Semana Internacional do Café, realizada em setembro deste ano, em Belo Horizonte.

10 de novembro de 2016 | Sem comentários Origens Cafeeiras Produção
Por: Renata Silva

Jefferson conhece o produtor Arnelei Kalk Foto: Enrique Alves


Em visita à Rondônia, o analista do Rabobank, Jefferson Carvalho, se diz surpreendido com a qualidade, os clones e o trabalho de produtores que estão se diferenciando no mercado. “Surpreendente é a palavra para Rondônia, que se consolida como o estado com alto potencial de crescimento em produção e qualidade do café. Para um país que aceitava que a cafeicultura em Rondônia estava fadada a acabar, fiquei extremamente surpreso”, destaca o analista, que passou cinco dias no estado, entre palestras sobre o mercado nacional e internacional do café e visitas aos produtores e beneficiadoras do grão.

O interesse do Rabobank por Rondônia se deu após a Semana Internacional do Café, realizada em setembro deste ano, em Belo Horizonte. Neste evento, Jefferson Carvalho teve a oportunidade de conhecer a bebida do café do estado e quis conferir de perto a cadeia de produção. “Ficou mais que comprovado o que me foi apresentado em Belo Horizonte. Vi grandes potenciais, tecnologias disponíveis e até próprias que os produtores, ainda que de maneira rudimentar, passaram a adotar, até os projetos de irrigação que começam a surgir”, complementa Carvalho.


Ele não deixa de pontuar também os desafios para que Rondônia conquiste novos patamares. O maior deles é o manejo da água, seguido pela conscientização do produtor de buscar pela informação de acompanhamento de mercado para tomada de decisões. Por fim, ele aponta a produção em escala. Segundo Carvalho, a demanda que mais cresce no mundo, em termos de volume, é para o café robusta. Assim como também é crescente a busca pelo café de qualidade, diferenciado ou que conte uma história ao consumidor. “Rondônia parece ser o estado que mostra um grande potencial pra isso: tem área, oportunidade de aumentar produtividade, tem água e deve ser bem manejada, e tem a possibilidade de produzir com qualidade. Aliada às políticas de favorecimento da cultura e trabalhando uma boa divulgação da imagem e identidade do café, Rondônia tem tudo para despontar no café no Brasil”, arremata.


A visita do analista do Rabobank reflete o bom momento da cafeicultura de Rondônia, segundo maior produtor de café canéfora (robusta e conilon), e com potencial para se tornar a próxima fronteira de produção com qualidade deste tipo de café. O estado, nos últimos anos, tem passado por uma grande transformação, em que agricultores que tinham perfil quase extrativista estão dando lugar a produtores qualificados e que usam tecnologias como: clones de boa genética, manejo da poda, nutrição das plantas e irrigação. As instituições de pesquisa, extensão e fomento de Rondônia têm trabalhado no sentido de criar uma plataforma contínua de desenvolvimento da cafeicultura com base tecnológica e de sustentabilidade. 


Entretanto, o pesquisador da Embrapa Rondônia, Enrique Alves, reforça os desafios a serem vencidos.  Para ele, os principais gargalos são a mão de obra na colheita, o uso de recursos hídricos de forma sustentável e a melhoria de qualidade. Gargalos que, para o pesquisador, não são questões inerentes à cafeicultura na Amazônia Ocidental, mas sim desafios globais. “Rondônia tem todos os ingredientes para uma cafeicultura de sucesso: clima amazônico, genética adaptada e agricultores determinados. Com uma receita assim, a cafeicultura na Amazônia Ocidental tem tudo para ter um futuro tão doce e encorpado quanto os cafés produzidos por essa nova geração de agricultores”, revela Alves.


Concurso de Qualidade incentiva produtores de RO


A cada ano cresce o número de pequenas propriedades de café que evoluem em produção e qualidade. Um bom exemplo disso foram os produtores premiados no primeiro Concurso de Qualidade de Café Canéfora de Rondônia, realizado em setembro de 2016. O café campeão, do produtor familiar Arnelei Sérgio Kalk, de Cacoal, foi destaque do estande chamado Cafés de Rondônia, na Semana Internacional do Café. Ele foi produzido em condições de sequeiro e com manejo adequado, atingiu a produtividade de 90 sacas beneficiadas por hectare e uma bebida encorpada, com aroma de chocolate e sabor adocicado. O pesquisador Enrique Alves conta que estas características impressionaram baristas, visitantes e especialistas do setor. “O americano Rock Rhodes, palestrante no evento e referência em degustação e torra de robustas finos, comparou o café de Rondônia aos melhores robustas do mundo”, declara Alves.


Para o campeão Arnelei Kalk, a busca pela maior qualidade continua e este ano ele conta que muitos vizinhos já o procuraram para conhecer e ter dicas de como conseguir um café de qualidade. “Agora vou ter muitos concorrentes. Meus vizinhos já começaram a se preparar para o próximo concurso de qualidade do café”, comenta.


A visita do representante da Rabobank ao estado foi organizada pela Embrapa Rondônia e contou com o apoio da Emater-RO, Sebrae, Câmara Setorial do Café.


Números da última safra de café

De acordo com o levantamento de setembro de 2016 da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o café canéfora apresenta perda de 22,2% na produtividade em todo o país. Os principais estados produtores, Espírito Santo, Rondônia e Bahia, que juntos, somam 94% da produção, apresentam reduções de 24,5%, 5,6% e 46,4%, respectivamente.

Destaque para o estado de Rondônia, que apresentou estimativa de menor perda (5,6%), amenizada, em parte, pela entrada em produção de novas áreas de café clonal, cuja produtividade é bem superior do que as áreas tradicionais. Estas são ainda estimativas, o relatório com dados finais da safra devem sair até o final do ano pela Conab.

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