POLÍTICA
05/09/2007
DENISE MOTTA
Cafeicultores de todo país esperam que um apelo levado ao governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), ontem, a respeito da crise no setor, acabe surtindo efeito junto ao governo federal. A intenção dos produtores é renegociar dívidas e expandir linhas de crédito, a partir de uma liderança mineira, já que o Estado é o maior produtor de café do Brasil, responsável por quase 50% da produção nacional e onde mais de 80% das cidades mineiras produzem a planta. O presidente do Conselho Nacional de Café (CNC), Gilson Ximenes Abreu, acompanhado de cafeicultores, entregou um documento ao governador no qual aponta os prejuízos na área e aproveitou para fazer uma breve análise sobre a situação crítica dos produtores, batendo de frente com a política adotada, para o setor, pelo governo federal. De acordo com ele, uma “quebradeira é iminente”, pois “em função da política cambial, todo mundo está produzindo, neste país, abaixo do custo”.
E completou: “Tanto é assim que o governo está começando com medidas compensatórias. Isso é subsídio puro, porque ele (governo federal) está vendo que essa política vai levar o país ao caos. Todos os setores da agricultura vão mal”, criticou Ximenes. Para conter a crise, o presidente do CNC apontou como prioridade a renegociação da dívida (com o governo federal). “Esperamos que o governador Aécio articule nesse sentido. Não só o setor do café está na iminência de uma séria crise, mas todos os setores da agricultura”, ressaltou Ximenes, lembrando os números da dívida dos produtores agrícolas brasileiros: cerca de R$ 130 bilhões, sendo, em Minas, R$ 12 bilhões. O secretário estadual de Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Gilman Viana, também presente no encontro, destacou que entre as maiores preocupações do governo de Minas estão a reestruturação da dívida dos produtores e a liberação de crédito. “O segundo item na pauta de reivindicações é a liberação de crédito para antecipação de estoque e de colheita, já prevendo regras de comercialização”, explicou.
Projeto
Para renegociar a dívida dos produtores, os cafeicultores contam com um projeto de lei que será apresentado na semana que vem no Congresso Nacional, conforme informou Ximenes. De acordo com o secretário Gilman Viana, entre os principais pontos do projeto estão a elasticidade no prazo para pagamento de dívidas e a redução na taxa de juros dos empréstimos, que chega a 12,5% ao mês, em alguns casos.