Cafeicultores do norte pioneiro do Paraná buscam certificação UTZ

Certificação garante controle permanente da qualidade e abre novas oportunidades para comercialização da bebida


Depois de conquistar, em 2009, o código de conduta 4C – Código Comum para a Comunidade Cafeeira, um grupo de 20 cafeicultores paranaenses, associados da Associação de Cafés Especiais do Norte Pioneiro do Paraná (ACENPP), está se organizando para obter a UTZ Certified, um dos principais programas de certificação do café no mercado internacional. Existente desde 1997, a certificação foi instituída por produtores de café da Guatemala e a torrefadora europeia Ahold Coffee Company.


Os cafeicultores do norte pioneiro são apoiados pelo Sebrae/PR e outras entidades por meio do Programa Cafés Especiais do Norte do Paraná. A criação da ACENPP é um dos resultados do Programa, entre outras conquistas.


O consultor do Sebrae/PR em Jacarezinho e gestor do projeto cafés especiais, Odemir Capello, explica como a entidade vai auxiliar os cafeicultores interessados em obter a certificação e conta que o objetivo da conquista desse novo certificado é atestar a qualidade do café produzido, melhorar os processos produtivos e agregar mais valor à produção. 


“Realizaremos um diagnóstico personalizado em cada uma das propriedades do grupo interessado em obter a certificação UTZ. Após essa etapa, será desenvolvido um plano de ação individual com as indicações de melhorias, a fim de facilitar o processo de verificação e auditorias necessárias para a concessão da certificação”, detalha o consultor. 


Paralelamente às etapas necessárias para a obtenção da UTZ Certified, o Sebrae/PR em Jacarezinho vai promover um programa para capacitar cafeicultores do norte pioneiro em gestão de propriedades e disponibilizar consultores especializados para ajudá-los a implantar os conhecimentos aprendidos em suas propriedades.


“A certificação em grupo impõe uma grande responsabilidade aos interessados, pois se um dos integrantes não atender aos requisitos exigidos, prejudicará todos os outros. Seriedade e comprometimento são essenciais nesse caso”, analisa Odemir Capello.


Para o presidente da Associação de Cafés Especiais do Norte Pioneiro do Paraná (ACENPP), Luiz Fernando de Andrade Leite, as certificações do café elevam o valor do produto e abrem novos mercados.


“Para que uma propriedade obtenha a certificação UTZ, precisa atender a exigências, como boas práticas agrícolas, padrões para manutenção de registros da produção, uso minimizado e documentado de defensivos agrícolas, proteção aos direitos trabalhistas, às questões ambientais e sociais. Outro aspecto é o controle da rastreabilidade dos grãos por meio de um sistema próprio, o que motiva o produtor a melhorar o gerenciamento da produção”, avalia o presidente da ACENPP.


Os produtores são certificados por um auditor independente que confere se a propriedade está de acordo com o Código de Conduta da UTZ. A inspeção é feita anualmente. Uma vez certificados, os produtores passam a contar com orientações sobre formas de gerenciamento das fazendas, redução de custos de produção e acesso ao crédito.


Experiência


Na opinião do engenheiro agrônomo e cafeicultor, Luiz Roberto Saldanha Rodrigues, a maior exigência num processo de certificação de propriedade é a mudança comportamental. “A UTZ Certified visa responder a duas perguntas: de onde vem o café e como foi produzido?”, destaca.


Até abril deste ano, a Fazenda Califórnia deve ser recertificada pelo UTZ Certified. A propriedade iniciou o processo de certificação da UTZ em 2007, ano que foi auditada pela primeira vez. “Além das alterações de estrutura, procedimentos e processos, a maior mudança é a comportamental. Há mais de cinco anos, investimos constantemente em treinamentos para todos os setores e funções da propriedade. Também incentivamos os estudos de colaboradores e familiares”, conta Luiz Roberto Saldanha Rodrigues.


O agrônomo relembra que a realização de benchmarking (processo de comparação e visita a propriedades agrícolas-modelos em seus segmentos de mercado) e a participação em diversos eventos técnicos de cafeicultura realizados em vários locais do País deram suporte a formatação do moderno sistema de gestão adotado pela Fazenda Califórnia.


Norte pioneiro


O Paraná se destacou como um dos principais produtores de café do País em 2009, com mais de 158 mil toneladas de grãos, com destaque para o Norte Pioneiro, responsável pela colheita de aproximadamente 50% do total. Atualmente, a região paranaense conta com 7,5 mil produtores de pequenas propriedades, distribuídos em 45 municípios. No ano passado, os 109 associados da ACENPP produziram 58 mil sacas de café e exportaram 6 mil delas.


De acordo com análise do Iapar, o café do Norte Pioneiro é classificado como leve, encorpado, com intenso aroma e sabor, doce, caramelado. A região se destaca por sua altitude (acima de 500 metros), latitude (23o Sul) e temperatura entre 20 e 22 graus.

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