Cafeicultores unem-se para exportar
Um grupo de produtores de café de Santo Antônio do Amparo, a 100 quilômetros de Varginha, no sul de Minas Gerais, está se organizando para exportar café torrado e moído com grãos especiais para Rússia e Estados Unidos. “Os primeiros lotes de torrado e moído para os Estados Unidos serão embarcados em maio”, disse Henrique Dias Cambraia, um dos cafeicultores da região.
Os primeiros passos do grupo de cafeicultores rumo ao exterior foram em 1999, quando se uniram para criar uma cooperativa. “A idéia era exportar café em grão. Com o tempo, decidimos agregar valor ao grão e investimos em cafés especiais”, disse Cambraia, que também é diretor comercial da cooperativa, a Sancoffee (Cooperativa dos Produtores de Cafés Especiais Santo Antonio States Coffee).
Os primeiros embarques de café em grão para a Rússia ocorreram em 2002. À época, os cafeicultores enviaram lotes de café torrado para o consumo de expresso. Naquele mesmo ano, os 21 associados da Sancoffee, criaram uma marca para o produto da região, a Santo Antonio States Coffee, com o objetivo de negociar o café produzido na cidade diretamente com varejistas dos países importadores.
Cambraia disse que os cafeicultores deverão embarcar uma tonelada de café torrado e moído para os Estados Unidos em maio. Os americanos são os maiores consumidores mundiais de café. Para a Rússia, os produtores já embarcam 50 toneladas por ano, mas já apostam no torrado e moído.
Nesta safra, a 2005/06, os cafeicultores da região produziram cerca de 76 mil sacas de 60 quilos, das quais 30% de grãos especiais. Aproximadamente 10% dos volumes de produção são exportados. A expectativa é que, no ciclo 2006/07, a colheita atinja 90 mil sacas de 60 quilos.
A produção de cafés especiais no país cresce ano a ano, mas ainda representa menos de 2% da produção nacional – estimada, no total, em 43 milhões de sacas em 2006/07 -, conforme Alexandre Nogueira, presidente da Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA, sigla em inglês). Os cafés finos, uma categoria abaixo dos grãos especiais, representam 30% da produção nacional de arábica, dependendo da qualidade da safra, segundo a BSCA.
“A expectativa é de que a produção [de especiais ] atinja 1 milhão de sacas na safra 2006/07 [um aumento de 25% sobre 2005/06]”, disse Nogueira. O mercado interno consome 150 mil sacas. “Estamos intensificando nossa estratégia de marketing, com a maior participação em feiras internacionais para divulgarmos o nosso produto”.
Os grãos premium e especiais podem ter um ágio de até 100% do valor dos preços dos grãos de boa qualidade no país para as exportações. Uma saca de 60 quilos de grão de boa qualidade está cotada a R$ 260 em São Paulo, segundo levantamento do Escritório Carvalhaes. Pouco negociado no mercado interno, por conta do baixo consumo, o grão especial registrou queda de 31% em 12 meses, por conta da desvalorização do dólar frente ao real.