Cafeicultores de Minas Gerais exportam para Europa e EUA

19 de janeiro de 2009 | Sem comentários Comércio Exportação

O cafezinho mineiro é famoso no Brasil inteiro. E agora começa a ganhar mercado em todo o mundo. As cooperativas de produtores rurais já exportam para a Europa e os Estados unidos. E o café é vendido num modelo de negociação chamado comércio justo


Grãos que fazem sucesso no exterior. O café produzido no sul de Minas Gerais é consumido por ingleses, americanos, canadenses e belgas. O modelo de venda é o do comércio justo, em que os cafeicultores têm a garantia do pagamento de um preço mínimo pela saca. O atravessador é excluído e quem produz ganha mais.


No comércio justo 20 países ricos compram produtos certificados de outras 57 nações: 1,4 milhão de produtores já são beneficiados em todo o mundo. Em Santana da Vargem, o faturamento aumentou 30%. Eles já exportam 4,5 mil sacas por ano com o selo fairtrade, comércio justo em inglês.


“Todo pequeno produtor está ganhando dinheiro”, conta Francisco.


O suíço Beat Grüninger é um dos responsáveis pela implantação do comércio justo no Brasil.


“Para uma melhor distribuição na cadeia de valor, que privilegia mais quem faz o produto e cuida do produto durante meses do ano, que é o produtor rural”, diz Beat Grüninger, da Ong Transfair.


Um grupo de produtores de Santana da Vargem foi o segundo a ser certificado no país, em 2003. Francisco Alves de Assis lidera 77 cafeicultores, responsáveis por 260 hectares de plantação de café.


“Depois que nós conseguimos o selo, ajudou muito a vida do pequeno produtor. É uma opção a mais para o pessoal vender o café a um preço justo, a um preço bem melhor”, conta o produtor rural Francisco Alves de Assis.


Em contrapartida, os produtores têm algumas obrigações. Como promover a igualdade de oportunidades entre homens e mulheres. Impedir o trabalho infantil, cuidar do meio ambiente. Os cafeicultores de Santana da Vargem seguem todas as regras e, por isso, ganham um bônus social. Cerca de R$ 12 por cada saca. O dinheiro é para os projetos comunitários.


“Mais pra frente a gente pode usar em melhoria na qualidade do café, como máquinas para beneficiar esse café, montar um centro de rebeneficiamento”, conta Francisco.


Com a ajuda do Sebrae, nove grupos de cafeicultores foram certificados no Sul de Minas. Outros três tentam obter o selo para exportar. O Sebrae ofereceu cursos e preparou os produtores.


“Acesso a novos mercados, capacitação gerencial, acesso a novas tecnologias, principalmente a questão da cultura da cooperação, que se faz muito importante para esses grupos certificados e em processo de certificação”, aponta Juliano Cornélio, do Sebrae de Minas Gerais.


As plantações da comunidade de Martins, em Varginha, já foram inspecionadas e devem entrar no comércio justo em breve. Na União de Pequenos Produtores de Cafés Especiais, a Unipcafem, a expectativa é grande. A saca vendida por US$ 164 vai valer no mínimo US$ 189. É o preço justo.


“O produtor vai estar produzindo o café sabendo quanto é o mínimo que ele vai ganhar por isso. Com certeza, ele tendo um produto de boa qualidade, esse preço mínimo ainda vai ficar para trás. Ele vai conseguir uma remuneração melhor para o seu café”, aponta Guido Reguim Filho, presidente da Unipcafem.


Os 70 produtores de Martins colhem 30 mil sacas de café por ano. São 150 hectares de área plantada. Tudo é vendido no mercado interno. Para começar a exportar, os cafeicultores mudaram as técnicas de plantio. Agora, eles fazem análise de solo para dosar a quantidade de adubo químico. E usam produtos bem mais fracos para combater as pragas.


Cafeicultores como Heberson Henrique Reguim reduziram em 60% o uso de produtos químicos, para atender às normas do comércio justo.


“Isso é bom para quem vai consumir. É um produto bem menos agressivo para o ser humano”, afirma o produtor rural Heberson Henrique Reguim.


O produtor de 29 anos representa a terceira geração da família na plantação de café. São 20 hectares, de onde saem mil sacas por ano. Os grãos são do tipo arábica – ideal para exportação. A expectativa é aumentar o lucro em 20% e reinvestir o dinheiro no café.


“Melhorar o produto para ser exportado. Máquinas mais novas. Mais treinamento”, acredita Heberson.


O bônus social pago pelo comércio justo vai ser usado em melhorias. Com a escola rural, os pais não precisam se mudar para a zona urbana atrás de educação para os filhos.


“A intenção de todas as associações que trabalham com o comércio justo é fixar o homem no campo. Para ele não buscar na cidade aquilo que ele não tinha na roça”, diz Guido.


Criança lá não trabalha. Vai para a sala de aula. É um prédio novo, com laboratório de informática moderno.


“É importante o aluno estar aqui, é o meio em que ele vive”, afirma Débora Bertoli, diretora da escola.


O Sebrae busca novos mercados para o café mineiro. A meta para 2008 é elevar em 5% o faturamento por saca em relação ao preço de mercado. E aumentar em 10% o volume vendido no mercado justo. Para alcançar os objetivos os cafeicultores vão viajar para o exterior.


“Participar nos Estados Unidos de uma feira onde irá um representante de cada associação ou cooperativa certificada buscando estabelecer redes de contato de comércio”, conta Juliano Cornélio, do Sebrae de Minas Gerais.


Os produtos certificados geraram mais de R$ 4 bilhões em vendas em 2006. Já existem no mundo 100 mil supermercados que oferecem itens do mercado justo. A meta agora é criar comércios deste tipo no Brasil.


“A gente tem percebido um grande interesse e um consumidor disposto a escolher este produto quanto disponível no mercado”, diz Beat.


 

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