CAFEICULTORES ADEREM AOS PROTESTOS DO AGRONEGÓCIO

Em 11/05/06

Dorico da Silva

Os cafeicultores do Sul de Minas Gerais vão fechar as estradas amanhã (12/05), aderindo ao protesto nacional do agronegócio, que já bloqueou rodovias em 10 estados. A disseminação do “Grito do Ipiranga” acelerou as negociações dentro do governo. A expectativa é que as medidas de apoio ao setor possam ser definidas amanhã. A manifestação dos produtores de café é mais uma forma de pressão sobre o governo para a edição de um pacote amplo de ajuda ao setor, que inclua a renegociação de dívidas antigas, como as do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé).

“Há uma percepção errônea do governo de que o café não precisa de ajuda. A extensão da crise é muito maior do que se imagina. Acumulamos prejuízos de US$ 2,5 bilhões e estamos com dificuldades para pagar as dívidas negociadas”, diz Maurício Miarelli, presidente do Conselho Nacional do Café (CNC). O agronegócio do café quer isonomia de tratamento, ou seja, que as mesmas vantagens a serem oferecidas aos produtores de grãos sejam concedidas aos cafeicultores.

O pleito dos cafeicultores é que as dívidas do Funcafé, formalizadas até 23 de junho de 2001, que somam aproximadamente R$ 900 milhões, sejam alongadas e repactuadas do mesmo modo que os débitos do Programa Especial de Saneamento de Ativos (Pesa). Desta forma, se estenderiam por um período de 25 anos e não 12 anos, conforme a resolução do Banco Central 2.906 de 2001, que prorrogou os prazos de vencimento dos financiamentos do Funcafé. Além disso, que tenham os débitos deste ano alongados para o período final do contrato, conforme a proposta encaminhada pelos deputados para as dívidas já alongadas da securitização, do Pesa e do Programa de Revitalização de Cooperativas de Produção Agropecuária (Recoop). As parcelas que vencem este ano somam cerca de R$ 75 milhões.

Miarelli explica que, assim como os demais segmentos do agronegócio, os produtores de café sofrem com a defasagem cambial, que deixa os preços em patamares muito próximos aos custos de produção. No Sul de Minas Gerais, a saca (60 quilos) está sendo comercializada a R$ 250 para um custo de R$ 230. Considerando taxas e impostos a serem pagos, a margem do cafeicultor seria de R$ 10 por saca. Para a maioria dos produtores, isso significa menos de um salário mínimo por mês. “Impossível honrar compromissos desta forma”, diz o presidente do CNC.

Ele acrescenta ainda que, apesar de os preços no mercado internacional estarem mais altos, os produtores são prejudicados com a taxa cambial e que, nos últimos cinco anos, tiveram pouco mais de seis meses com cotações acima do custo de produção. Entre 2001 e 2004 os preços internacionais do café estavam entre US$ 43 e US$ 73 por saca. Esses valores eram muito inferiores ao custo de produção, estimado no mesmo período entre US$ 70 e US$ 96 por saca para uma produtividade de 20 sacas por hectare.

As reivindicações dos cafeicultores foram entregues aos deputados da bancada ruralista junto com o documento “A real situação da cafeicultura”. Na iminência da divulgação do novo pacote agrícola, os cafeicultores resolveram aumentar a pressão para serem incluídos no projeto.

No protesto de amanhã, os cafeicultores estarão junto com os demais produtores de grãos do Sul de Minas Gerais. A manifestação começa às 9h30min, na BR 381 (Rodovia Fernão Dias), no trevo entre Três Corações e Varginha. Os agricultores vão bloquear as estradas com máquinas agrícolas e caminhões.

Veja em anexo o documento: “A real situação da cafeicultura”

Informações:
CNC: (11) 3284.6800
Organização do Protesto: (35) 9972.1109 – Marcelo Sousa da Silva

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