A preocupação com o meio ambiente e a sustentabilidade do agronegócio café ficaram evidentes na escolha do “Cafeicultor Brasileiro Destaque 2007”. O prêmio, instituído pelo Conselho dos Exportadores de café do Brasil (Cecafé), com o apoio do Banco do Brasil, foi entregue durante o 2º Forum e Coffee Dinner, no dia 30 de maio, em São Paulo, onde foram homenageadas personalidades e empresas notáveis na cafeicultura brasileira e mundial.
Em outra etapa do evento foram apresentadas tendências do setor exportador, com abordagens de especialistas desde os desafios do aquecimento global, efeitos da macroeconomia na cafeicultura e perfil de produção e consumo dos principais países produtores.
No Dia Mundial do Meio Ambiente (05/06), destaca-se a valorização do cafeicultor familiar que gerencia a atividade com atenção aos interesses da comunidade e pautada por critérios de sustentabilidade ambiental, social e tecnológica. Com a indicação do Instituto Agronômico (IAC), o destaque 2007 foi concedido ao cafeicultor Luiz Adalto de Oliveira, do município de Poço Fundo, no Sul de Minas, que recebeu uma peça de arte alusiva ao prêmio e um cheque no valor de R$ 35 mil reais.
A Escolha
A Embrapa café, como representante do Consórcio Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento do café (CBP&D/café) participou da Comissão julgadora. Não foi fácil a tarefa de destacar um representante, entre cerca de 370 mil cafeicultores que fazem do Brasil líder em produção, exportação e desenvolvimento tecnológico. Mais difícil ainda quando se fala na diversidade de empreendimentos e sistemas de produção, em 12 Estados, 1900 municípios produtores e de um universo de mais de oito milhões de brasileiros envolvidos nos diferentes setores do agronegócio café.
Os critérios de escolha deram ênfase ao envolvimento direto do produtor e de sua família no processo de condução da lavoura cafeeira, à adequação do empreendimento às boas práticas agrícolas e ao apoio do produtor em ações comunitárias para assegurar a saúde, o bem-estar e o desenvolvimento econômico de sua região.
O Premiado
O cafeicultor destaque conduz uma lavoura orgânica de seis hectares, na região montanhosa do Sul de Minas, com produção média de 180 sacas e produtividade de 45 sacas/ha. Luiz Adalto de Oliveira é líder associativista e incentivador da qualidade do café, com adequação às normas de produção sustentável estabelecidas pelas certificadoras (Fair Trade e Orgânico) e se destaca na persistência e conquista por novos e atrativos mercados, uma das grandes dificuldades dos pequenos produtores.
Na presidência da Cooperativa dos Agricultores Familiares de Poço Fundo e Região (COOPFAM) e como representante de Minas Gerais na Articulação das Organizações de Produtores Familiares no Comércio Justo e Solidário, orienta os associados na produção de cafés de qualidade sob boas práticas agrícolas. Em sua gestão, a Cooperativa atingiu uma produção ao redor de 12 mil sacas de café, a maioria exportada para os Estados Unidos, Itália e Inglaterra.
Atendo às exigências do mercado de cafés sustentáveis, ajuda na adequação da tecnologia sugerida pelas certificadoras à realidade vivida na região. É dele também o incentivo para a condução de experimentos nas propriedades, a proximidade com as instituições de pesquisa e universidades e a troca contínua de experiências entre os membros da associação. Quando uma tecnologia é confirmada, Luiz Adalto é um dos multiplicadores do conhecimento e incentivares de sua adoção.
Produtor orgânico, focaliza não apenas termos quantitativos importantes para a economia dos pequenos produtores, mas um novo patamar qualitativo, com a adoção de variedades resistentes; manejo integrado de pragas e doenças; uso racional do solo, busca contínua pela melhoria da qualidade do café e novas formas de colheita e processamento. Técnico agrícola de formação, Luiz Adalto permanece perseverante, na busca pelo equilíbrio nutricional da planta e do solo e o equilíbrio econômico da propriedade. Monitora de perto toda a lavoura, onde os filhos podem brincar sem nenhum risco para a saúde, já que não usa nenhum defensivo químico.
O que credencia Luiz Adalto como representante de sua classe é que não buscou o desenvolvimento apenas em benefício próprio, mas serve de exemplo de cooperação para alavancar a cafeicultura do município e da região. À frente da COOPFAM, manteve sempre os elos com a comunidade, com destaque para educação continuada das crianças, treinamento técnico dos jovens, incentivo à formação profissional do produtor, programas de inclusão digital, promoção de cursos na área de gerenciamento de propriedades, administração rural e diversificação de produção. Ele é exemplo de uma cafeicultura que atua efetivamente rumo a justiça social e ao manejo adequado da lavoura, não só para geração presente, mas também para as sucessoras.
Fonte: Embrapa café / Cibele Aguiar