Com escassez de recursos hídricos, fazenda do Grupo Orletti apostou na irrigação por gotejamento para melhorar gestão da água
11/01/2018 Impactados pela crise hídrica que assolou a produção de café conilon no Espírito Santo, a Fazenda Vitório Orletti, em Pinheiros (ES), apostou na irrigação por gotejamento para melhorar a gestão da água na propriedade e impulsionar a produção
A Fazenda, bastante tradicional no cultivo de conilon, está localizada no extremo norte do estado, uma das regiões mais desenvolvidas do agronegócio capixaba. Com espírito empreendedor, a família Orletti buscou alternativas viáveis para manter a produção de café de qualidade diante das adversidades climáticas.
Desde a seca que derrubou a produção de conilon em 2016, a Fazenda Vitório percebeu a necessidade de melhorar a gestão da água na propriedade. Os investimentos visam substituir outros métodos de irrigação para irrigação localizada por gotejamento. “Inicialmente nossa ideia era economizar água, já que temos um grande problema de falta de água na região. Porém, depois vislumbramos que seria possível potencializar a produtividade também, tudo isso utilizando menos água no mesmo espaço”, ressalta o cafeicultor, Thiago Orletti.
O projeto de irrigação localizada será implementado inicialmente em 10% da área total. Segundo Orletti a expectativa é de que a produção suba para 100 sacas por hectares em média, um avanço de 40% frente a produtividade atual da fazenda. A conclusão está prevista para março de 2018.
Um dos principais diferenciais do projeto é o uso do gotejador UNIRAM, o mais avançado no mercado e o único indicado para ser enterrado na cultura do café conilon. O enterrio dos gotejadores em robusta ainda está em avaliação pela Netafim, mas devido aos bons resultados com os experimentos, o grupo Orletti apostou nesta tecnologia visando futuro enterrio dessas mangueiras, que possibilitará ganhos operacionais e agronômicos.
Outro destaque é o sistema de nutrirrigação, onde é possível transportar água e fertilizantes diretamente na raiz – quando necessário até mesmo defensivos agrícolas (quimigação) -, tudo na quantidade certa para cada cultura. O ponto crucial é que as plantas apresentam melhores resultados quando alimentadas aos poucos e em pequenas quantidades, por isso os ganhos de produtividade são expressivos. O equipamento, FERTIKIT, implementado na Fazenda está entre os mais avançados existente no mercado atualmente.
O futuro da cafeicultura de conilon diante das mudanças climáticas é uma preocupação constante dos produtores rurais do estado. A falta de chuvas coloca em risco a cultura em todo país, tanto é que um estudo da revista norte-americana Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS), estimou que no cenário mais pessimista as áreas mais favoráveis para o cultivo de café na América Latina, maior produtor do mundo, podem ser reduzidas em 90% até 2050.
A irregularidade das chuvas tem tornado obrigatória a adoção de sistemas de irrigação no café, porém, nos últimos anos a intensificação da seca também coloca em risco esse sistema tradicional. “A falta de água é crescente, então soluções que ajudem a produzir mais com menos serão indispensáveis para o futuro da agricultura. Os produtores que ainda não pensam nisso, possivelmente daqui alguns anos precisarão investir em sistema sustentáveis”, alerta Orletti.
Nos cerca de 100 hectares que receberão a irrigação inteligente na fazenda do grupo Orletti, o cafeicultor conta que a perspectiva é de que a economia de água frente ao método tradicional de irrigação chegue a 30%, refletindo também na diminuição de 30% nos custos com energia elétrica. Além disso, o avançado sistema de nutrirrigação permitirá nutrir a lavoura com a máxima eficiência disponível no mercado. “Essas tecnologias permitirão que não disperdêssemos produção, além disso não teremos mais perdas com lixiviação, por exemplo”, destaca o cafeicultor.
A iniciativa da adoção da irrigação por gotejamento foi apoiada pela Robusta Coffee, uma empresa de comercialização que fomenta a produção de café de qualidade no Espírito Santo. O objetivo é impulsionar a adoção de boas práticas na produção do robusta na região.