CAFEICULTOR COMEMORA APROVAÇÃO DE DEFENSIVOS

Breno Mesquita: “a broca precisa de monitoramento e controle efetivos, caso contrário os prejuízos são significativos”

15 de fevereiro de 2016 | Sem comentários Origens Cafeeiras Produção
Por: Michelle Valverde Foto: Rafael Mota

A aprovação do registro definitivo dos defensivos Benevia (DuPont) e Voliam Targo (Syngenta), e utilizados no combate à broca-do-café (Hypothenemus hampei), foi comemorada pelo setor produtivo, que ainda aguarda a aprovação de mais dois produtos também eficazes no controle da praga. A doença, considerada a segunda mais grave da cultura, provoca prejuízos significativos na produtividade e na qualidade do café, gerando perdas em toda a cadeia produtiva. A aprovação acontece mais de dois anos após a proibição do Endosulfan, único produto até então registrado e eficiente no controle à praga.


Desde a proibição do Endosulfan, em julho de 2013, os cafeicultores mineiros ficaram sem opção de produtos registrados para o controle da broca, o que aumentou o índice de infestação no Estado. Devido à pressão do setor produtivo, o Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento), a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e o Ibama (Instituto Brasileiro de Meio Ambiente) aprovaram, recentemente, o registro definitivo dos defensivos Benevia e Voliam Targo.


De acordo com o diretor da FAEMG e presidente das comissões de Cafeicultura da entidade e da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil), Breno Mesquita, a broca precisa de monitoramento e controle efetivos, caso contrário os prejuízos são significativos.


“A conquista do registro dos produtos é fundamental para o setor controlar a infestação da broca-do-café e evitar prejuízos. A broca tem duas peculiaridades: a primeira é o prejuízo agronômico, já que interfere na produtividade, e a segunda é o comprometimento da qualidade. É uma praga perigosa e que desde a proibição do Endosulfan estamos discutindo com o governo sobre a necessidade de registrar novos produtos com eficácia comprovada”, observa.


Expectativa


Ainda segundo Mesquita, a expectativa é que o governo aprove mais dois produtos. Em janeiro, o Mapa divulgou uma lista definindo as doenças e pragas com maior risco à agricultura brasileira e os ingredientes ativos prioritários no combate à broca-do-café. Na lista aparecem as moléculas Metaflumizone e a combinação entre Bifentrina e Acetamiprid.


“Vamos pressionar o governo para que os demais produtos sejam registrados o mais rápido possível. A diversificação das opções é importante para o cafeicultor fazer a rotação entre os princípios ativos, evitando a seleção de pragas resistentes aos produtos. Além disso, com mais produtos efetivos e disponíveis no mercado a concorrência é maior, o que normalmente interfere nos preços e torna os mesmos mais acessíveis aos cafeicultores”, ressalta Mesquita.


Praga causa perda de até 10% da cultura


De acordo com o engenheiro agrônomo e diretor de Produção e Comercial da Cooperativa dos Cafeicultores da Região de Lajinha (Coocafé), nas Matas de Minas, Pedro Antônio Silva Araújo, o registro definitivo do Benevia e do Voliam Targo junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) é um alívio para a cafeicultura mineira. Mas, o custo elevado ainda é um desafio que poderá ser minimizado com a aprovação dos demais princípios ativos. Em áreas afetadas, as perdas provocadas pela broca podem representar de 5% a 10% da produção total.


“A broca-do-café é um inimigo constante, sendo a segunda maior praga da cafeicultura, por isso, o produtor precisa ficar atento à infestação e combater no período ideal. O indicado é que o cafeicultor tenha auxílio técnico para que o produto, que tem custo pelo menos 10 vezes maior que o Endosulfan, seja aplicado corretamente. Vamos aguardar os registros dos demais para termos concorrência e custo mais acessível para o cafeicultor”, observa.


O gerente de Desenvolvimento Técnico da Cooxupé (Cooperativa Regional dos Cafeicultores em Guaxupé), localizada no Sul de Minas, Mário Ferraz de Araújo, também comemorou o registro dos produtos, mas espera a aprovação rápida dos demais para que os custos sejam reduzidos. Ferraz destaca que o controle da broca é fundamental para a manutenção da qualidade do café, característica mundialmente reconhecida.


“A broca traz prejuízos para toda a cadeia. O cafeicultor tem a produtividade e a qualidade comprometidos, com a infestação. Ao chegar nos armazéns, os grãos com broca precisam ser eliminados e neste processo perde-se também grãos saudáveis. As torrefadoras também são penalizadas caso disponibilizem produtos com fragmentos de insetos para o mercado. Por isso, o governo precisa desburocratizar os processos em relação ao registro de produtos que combatem problemas como os da broca-do-café, evitando perdas produtivas e de competitividade”, explica Ferraz.


CNC reconduz diretoria e pede mais agilidade na liberação do Funcafé


Em Assembleia Geral, realizada no dia 4, em Ribeirão Preto (SP), as cooperativas associadas ao CNC (Conselho Nacional do Café) reconduziram, por unanimidade, a atual diretoria para um novo mandato de dois anos e aprovaram alguns ajustes no estatuto e no regimento interno do CNC para dar mais celeridade às ações. O presidente-executivo da entidade, Silas Brasileiro, destacou sua satisfação de trabalhar em sintonia com representantes proativos, os quais contribuem positivamente para o alcance de resultados que beneficiam todo o setor cafeeiro.


Para o biênio 2016-18, comporão o Conselho Diretor do CNC: Carlos Alberto Paulino da Costa (Cooxupé), Esthério Colnago (OCB/ES), Francisco Miranda (Cocatrel), Francisco Sérgio de Assis (Federação dos Cafeicultores do Cerrado), José Vicente da Silva (Coopercitrus), Luciano Ribeiro Machado (Bancoob), Osvaldo Henrique Paiva Ribeiro (Minasul) e Tarcísio Rabelo (Coccamig). Maurício Miarelli (Cocapec) foi mantido no cargo de coordenador do Conselho.


No início deste mês, o CNC participou de audiência com a ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Kátia Abreu, para discutir pleitos de interesse do setor, entre eles a necessidade de disponibilização imediata, antes do lançamento do Plano de Safra, dos recursos destinados para as linhas de crédito do Funcafé em 2016.


Para formalizar essa demanda, Brasileiro e o presidente da Comissão Nacional do Café da CNA, Breno Mesquita, enviaram à ministra, na quinta-feira passada, ofício conjunto ratificando a necessidade de acesso aos recursos do Funcafé pelos produtores rurais e suas cooperativas em tempo hábil para efetuar a colheita que se aproxima, bem como para promover o ordenamento da oferta da próxima temporada.


“Lembramos que os trabalhos de cata do café conilon se iniciarão a partir do final do próximo mês e que os cafeicultores do Espírito Santo, principal Estado produtor da variedade, enfrentam dificuldades financeiras devido à quebra de safra resultante da estiagem severa e prolongada, a qual também reduzirá sensivelmente a produtividade no ciclo 2016/17”, observou, em nota, Silas Brasileiro.


Arábica


Ele alertou ainda que as regiões brasileiras de café arábica se preparam para uma recuperação dos volumes produzidos após duas quebras de safra consecutivas e, além disso, que há perspectiva de antecipação da colheita em relação ao ano anterior.


Conforme Brasileiro, é fundamental que os recursos do Funcafé sejam disponibilizados de imediato para que o fundo possa cumprir suas funções principais, que são capitalizar os produtores e suas cooperativas para a colheita, atividade dispendiosa devido à necessidade de contratação de mão de obra e financiar a estocagem, evitando excesso de oferta de café no mercado entre os meses de abril a julho e, consequentemente, o aviltamento da renda dos produtores.


“Destacamos que os estoques brasileiros vêm apresentando sensível redução e na passagem para a safra 2016/17 (final de março) se aproximarão do nível mínimo histórico, condição favorável para a sustentação dos preços recebidos pelos produtores. Porém, se os recursos do Funcafé não forem disponibilizados de imediato, essa oportunidade será perdida, já que os cafeicultores terão que vender as sacas recém-colhidas para financiar a própria colheita, criando pico de oferta no mercado e, consequentemente, aviltando os preços”, observou.


Para o presidente do CNC, esse cenário seria inaceitável em um País que conta com um fundo exclusivo para financiar o custeio e o ordenamento da oferta da cafeicultura, o qual possui orçamento aprovado para esse fim de R$ 4,632 bilhões na temporada 2016/17. “Para que esses recursos cumpram a sua função, precisamos apenas de agilidade nos trâmites governamentais necessários para que sua disponibilização aos cafeicultores e suas cooperativas ocorra até o mês de março deste ano”.


Fonte: Diário do Comércio via Canal do Produtor

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