Cafeicultor capixaba comemora ano em que “tudo deu certo”

Fabio Murakawa


Com a colheita do café robusta chegando ao fim no Espírito Santo, maior produtor brasileiro dessa variedade, o cafeicultor capixaba comemora o ano de safra cheia, com cafés de boa qualidade e preços internacionais em elevação.


“Foi um ano em que tudo deu certo”, disse Antonio Joaquim de Souza Neto, presidente da Cooperativa Agrária dos Cafeicultores de São Gabriel da Palha (Coabriel), em entrevista por telefone.


“O tempo ajudou, teremos uma safra grande e com cafés de boa qualidade. E o preço está bom também.”


Há cerca de um ano, o primeiro contrato de café robusta na bolsa de Londres estava sendo negociado entre 1.160 e 1.170 dólares por tonelada. Na quinta-feira, o contrato com vencimento em julho encerrou o pregão cotado a 1.852 dólares por tonelada.


Segundo a última estimativa da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), divulgada em abril, sairão dos cafezais do Estado em 2007/08 7,1 milhões de sacas de 60 kg do conilon, como é conhecido o robusta capixaba.


Mas uma conjugação de fatores climáticos favoráveis, como chuvas durante a última florada e na fase de granação do café, e o tempo seco durante a colheita —não chove desde abril no Estado—, pode levar à revisão para cima desse número.


“Nós até esperávamos uma quebra na produção deste ano, mas isso não vai acontecer de jeito nenhum”, afirmou Souza Neto.


O Incaper, órgão ligado à secretaria da Agricultura do Espírito Santo e responsável pelo levantamento da Conab no Estado, já cogita rever para cima a previsão feita em abril.


“Estamos realizando agora um novo levantamento. E esse número pode até subir um pouco”, afirmou Romário Gava Ferrão, pesquisador do Incaper e coordenador do programa de café do governo estadual. “Acho que o novo número, se for confirmado o crescimento, não passa de 7,5 milhões de sacas.”


Segundo Romário, três fatores contribuem para essa perspectiva: o tempo favorável; os preços mais altos praticados durante o ano, que levaram o cafeicultor a cuidar melhor dos cafezais; e a conscientização do produtor em colher os grãos mais maduros, o que tem aumentado o rendimento.


A renovação do parque cafeeiro do Estado também gera a expectativa de que as safras continuem cheias. Segundo Ferrão, isso vem sendo feito com a introdução de pés mais produtivos do que as variedades convencionais.


O pesquisador, no entanto, afirmou estar preocupado com a próxima próxima safra por conta da falta de chuvas até o momento. “Como o tempo está seco desde maio, precisa começar a chover logo para não afetar a florada”, disse.


Romário disse ainda que a previsão de colheita de 1,6 milhão de sacas de café arábica deverá se confirmar para o Espírito Santo neste ano.


Reuters

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