Cepea, 30 – Finalizada a colheita da temporada 2014/15 no Brasil, apenas a
primeira florada da safra 2015/16 havia sido verificada até esta semana nas
principais regiões de arábica. O “pegamento” de boa parte dessas flores,
que abriram entre o final de agosto e o início de setembro, pode não ocorrer,
devido ao déficit hídrico nas lavouras. Segundo a Fundação ProCafé, em
algumas praças, como o Sul de Minas, o déficit hídrico chegava próximo a 160
mm em meados de setembro. Esse cenário ainda deve persistir, visto que as
chuvas recentes não amenizaram o déficit.
Parte dos agentes tem expectativa de que as precipitações verificadas nos
últimos dias até favoreçam o desenvolvimento de novas flores. Chuvas
previstas para as próximas semanas também podem amenizar esse quadro. No
entanto, agentes consultados pelo Cepea comentam que parte dos prejuízos
causados pela seca já é irreversível.
Segundo a Somar Meteorologia, em algumas regiões produtoras, o acumulado de
precipitação desta semana pode chegar a 60 mm, enquanto que, em outras
praças, não deve chover.
Dentre as regiões produtoras de arábica, a florada mais significativa foi
observada no Cerrado mineiro. Essas flores abriram na segunda quinzena de
agosto, mas, devido à forte seca nos dias que seguiram a abertura da florada, a
maioria das flores caiu. Desde ent&atil de;o, nenhuma outra florada foi observada na
praça mineira. Isso porque, apesar de boa parte da região contar com sistema
de irrigação, os pés também dependem da umidade do solo para o bom
desenvolvimento vegetativo da planta. Segundo a Somar Meteorologia, a forte
massa de ar seco manteve o tempo firme nas últimas três semanas e não há
previsão de chuva para os próximos dias.
Na Zona da Mata Mineira, na região de Mogiana Paulista e no Sul de Minas,
colaboradores do Cepea indicam que a primeira florada ainda não foi expressiva.
A florada foi verificada apenas em algumas áreas, mas o “pegamento” foi
pequeno, por conta da falta de chuvas e das altas temperaturas. Chegou a chover
nessas regiões nos últimos dias, mas em volume insuficiente para reverter o
déficit híd rico. Para esta semana, a Somar Meteorologia indica que o volume de
chuva deve ser baixo: de 5 a 10 mm na Zona da Mata e de 30 a 40 mm para Mogiana
Paulista e o Sul de Minas.
Em Garça (SP), agentes relatam que ainda não ocorreu florada significativa. As
chuvas da semana passada (de 22 a 28 de setembro), que acumularam 50,9 mm nessa
região, de acordo com a Somar, devem auxiliar na primeira florada esperada para
os próximos dias. Já para esta semana, o acumulado de precipitação pode ser
de 12 mm – segundo a Somar.
No Noroeste do Paraná, em apenas 10% das lavouras houve abertura de pequenas
floradas. De modo geral, o volume de precipitações da última semana deve
auxiliar em novas aberturas nos próximos dias. Em Londrina, o acumulado entre
22 e 28 de setembro foi de 101 mm. A Somar indica que, nesta semana (at& eacute; o dia
2 de outubro), o volume deve ficar entre 40 e 60 mm na região paranaense.
Já quanto aos cafezais de robusta, no Espírito Santo, agentes relatam que a
terceira florada já havia sido aberta na semana passada, sendo que a primeira
foi observada no início de agosto. Boa parte das lavouras capixabas conta com
irrigação, mas o período chuvoso é necessário para proporcionar o
“pegamento” destas flores. De acordo com a Somar, não deve chover nesta
semana no estado capixaba.
Em Rondônia, as lavouras registraram a primeira florada antecipadamente em
abril e, no começo de setembro, a sexta florada já foi registrada. Nesta
safra, a utilização de café clonal e a renovação dos cafezais auxiliaram no
adiantamento das flores, mas essas várias florad as irão resultar em estágios
de maturação diferentes no momento da colheita. De acordo com a Somar, a
previsão para a região é de volume em torno de 11 mm até o final desta
semana.
Com relação ao mercado, além da valorização do dólar frente ao Real,
previsões de déficit global de café para as safras atual e próxima têm
impulsionado os valores do arábica. Na segunda-feira, 29, o Indicador
CEPEA/ESALQ do arábica tipo 6 bebida dura para melhor, posto em São Paulo,
fechou a R$ 459,63/saca de 60 kg, expressivo avanço de 9,12% em relação à
segunda anterior, 22. O volume de negociações, no entanto, ainda é baixo.
Na Bolsa de Nova York (ICE Futures), o contrato com vencimento em dezembro
fechou a 191,25 ce ntavos de dólar por libra-peso nessa segunda-feira,
elevação de 6,61% no período. O dólar fechou a R$ 2,451 na segunda, alta de
2,34% na mesma comparação.
Quanto ao mercado de robusta, impulsionados pelas altas cotações do arábica,
os preços também subiram, mas os negócios envolvendo volumes significativos
ainda são poucos. O Indicador CEPEA/ESALQ do robusta tipo 6 peneira 13 acima
fechou a R$ 250,94/saca de 60 kg na segunda-feira, aumento de 1,46% em relação
à segunda anterior. O tipo 7/8 bica corrida finalizou a R$ 244,74/sc, avanço
de 1,24% no mesmo período – ambos a retirar no Espírito Santo.
Analista:
Dra. Margarete Boteon/Piracicaba-SP/Brasil
(55 19) 3429-8808
www.cepea.esalq.usp.br
cafcepea@usp.br