17/02/2014
São Paulo, 17 – A Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), em relatório sobre consumo divulgado nesta segunda-feira, 17, considera que diminuiu o número de indústrias de café no País em 2013. Segundo a associação, contribuiu para esta redução a constatação da queda do número de empresas de pequeno porte. No fim de 2012, a entidade contabilizava 1.490 indústrias no País, de todos os portes, que atuaram no mercado nos últimos quatro anos, e no fim de 2013 esse número foi de 1.428 torrefadoras. A Abic estima que o volume de vendas do setor de torrado e moído em 2013 tenha sido de R$ 7,3 bilhões.
A redução no volume do consumo interno tem levado a Abic a reforçar a sua tese de que é preciso estimular o consumo de café, investindo muito mais em marketing, publicidade, diferenciação e inovação de produtos. O comportamento dos consumidores tem sido o de ampliar a experimentação e valorizar os produtos com melhor qualidade, certificados e sustentáveis. “Esta opção pelo café precisa ser estimulada utilizando-se recursos da publicidade para orientar, educar e difundir conhecimentos sobre café e suas qualidades”, informa a associação.
O consumo de café fora do lar, no entanto, continua crescendo, representando 36% do consumo total, com um número cada vez maior de cafeterias, restaurantes, padarias e pontos de dose, quase todos eles oferecendo cafés de qualidade boa a ótima. Da mesma forma, o consumo dos cafés porcionados, seja em sachês ou em cápsulas, bem como a forma tradicional de café torrado em grão para uso em máquinas automáticas e profissionais, alcança níveis de crescimento acima de 20% ao ano, embora ainda seja a menor parte do mercado. As cápsulas estão presentes em 0,6% dos lares, segundo pesquisa da AC Nielsen, em 2012/13.
O número de máquinas de café ‘espresso’ domésticas ultrapassam 850 mil unidades, conforme levantado pela Kantar Worldpanel, no fim de 2012. Os novo tipos de equipamentos para preparação de cafés filtrados, em sachês, por exemplo, ultrapassam 300 mil unidades.
No caso dos cafés em cápsulas, a evolução deste segmento foi muito acentuada no ano 2013. Surgiram novas empresas importadoras de cápsulas e de máquinas, bem como, outras que já montaram suas instalações industriais e produzem localmente. “Cerca de 10 novas empresas já atuam neste mercado, o que vai tornar a concorrência bastante intensa num segmento de alta tecnologia e alto valor agregado”, observa a Abic. Enquanto as vendas dos cafés tradicionais em pó ampliaram 4,7% em 2013, os cafés em cápsulas ganharam 36,5% em vendas.
Outra inovação importante são as lojas virtuais, servindo como canal de distribuição para cafés de alta qualidade, de origens brasileiras e estrangeiras bem como, máquinas e acessórios ou equipamentos para preparo de cafés filtrados e ‘espressos’. Por esta razão, diz a Abic, o volume de importação de café industrializado em 2013 alcançou US$ 32,8 milhões em comparação com US$ 15,7 milhões em exportações de café torrado/moído.
A expectativa da indústria para 2014 é a de contornar eventuais dificuldades com o suprimento de matéria-prima, em virtude das notícias de possível redução da safra de café, prejudicada pela seca deste início de ano. Os custos aumentarão e as empresas eventualmente deverão reavaliar suas operações.
Conforme a Abic, oferecer produtos de maior valor agregado é uma forma importante de escapar de crises no setor. “A indústria precisa estar atenta aos efeitos da seca na qualidade da safra que será colhida no ano”, ressalta a associação. Em 2014, a ABIC estima a retomada do crescimento do consumo interno de café, ao nível de 3% a 4%, com maior procura por cafés de melhor qualidade, desde os tradicionais até os gourmet.
Fonte: Agência Estado