02/09/2013 Café da terra
Os contratos futuros de café arábica negociados na ICE Futures US encerraram esta sexta-feira com quedas, com a posição dezembro voltando a se posicionar nos menores patamares de preço em 49 meses.
Mais uma vez, a sessão foi caracterizada pela pressão dos vendedores, muitos deles focados nos segmentos externos. As ordens de liquidação não foram das mais intensas, mas as perdas relativas do dia já permitiram ao contrato de maior liquidez tocar nos níveis de mínima e fechar o dia abaixo da linha de retração que havia sido experimentada recentemente, que era de 116,35 centavos de dólar por libra peso.
Não apenas a semana foi marcada por baixas. A finalização do mês para o segundo contrato mostra uma perda real de 4,12%, ao passo que os robustas, negociados em Londres, também registraram baixas, no nível de 4,80%. Os movimentos técnicos na bolsa nova-iorquina continuam dando um direcionamento baixista, sendo que os compradores se mostram bastante reticentes, confiantes no cenário de ampla disponibilidade criado ao longo dos últimos meses.
Os players se mantém crentes que os estoques globais são efetivos e que as boas safras de Brasil e Colômbia permitirão garantir que um volume expressivo de grãos esteja nas mesas de comercialização a qualquer tempo. Por sua vez, esses players trabalham com um cenário no qual a quebra dos centro-americanos, devido à infestação de ferrugem do colmo, não trará dificuldades para se compor um quadro de oferta.
No encerramento do dia em Nova Iorque, a posição dezembro teve queda de 135 pontos, com 116,30 centavos de dólar por libra peso, com a máxima em 118,20 centavos e a mínima de 116,10 centavos, com o março apresentando desvalorização de 135 pontos, com 119,25 centavos por libra, com a máxima em 121,05 centavos e a mínima em 119,10 centavos. Na Euronext/Liffe, em Londres, a posição setembro teve alta de 19 dólares, com 1.749 dólares por tonelada, com o novembro tendo ganho de 15 dólares, no nível de 1.779 dólares por tonelada.
De acordo com analistas internacionais, o cenário externo continua a ser um ingrediente importante na composição do bolo de negócios do café. Nesta sexta-feira, a questão do câmbio mais uma vez interferiu nos humores dos players. O dólar registrou alta em relação a várias moedas internacionais, incluindo o real brasileiro, o que estimulou algumas vendas dessa origem.
As bolsas internacionais, ainda com a questão Síria em voga, tiveram um dia de perdas, assim como várias commodities recuaram ao longo de todo o pregão. “O sentimento de dólar em alta em relação ao real é que os exportadores do país ganham mais competitividade e assim podem dar um ritmo ainda mais efetivo em suas vendas externas. E isso, com certeza, reflete nos terminais internacionais. Por sua vez, tivemos um programa de apoio ao setor cafeeiro divulgado recentemente e tais medidas precisam começar a se efetivar para que exista uma leitura de que o Brasil pode dosar sua oferta cafeeira. Isso ainda não ocorreu. Há notícias de que as regras para os leilões de opções sejam divulgadas na próxima semana. Esse mecanismo vai envolver 3 milhões de sacas, que é um volume considerável e que não deixará de ser notado pelos players internacionais”, disse um trader.
As exportações mundiais de café para todos os destinos atingiram a marca de 9,05 milhões de sacas em julho deste ano, contra 9,69 milhões de sacas registradas ao longo de julho do ano passado, informou a Organização Internacional do Café. As remessas internacionais nos dez primeiros meses da temporada 2012/2013, iniciada em outubro de 2012, tiveram im incremento de 3,6% indo para 94,48 milhões de sacas, contra 91,20 milhões de sacas do mesmo período do ano anterior. Nos 12 meses encerrados em julho passado, as exportações mundiais de arábica totalizaram 68,68 milhões de sacas, ao passo que no ano anterior elas somaram 65,68 milhões de sacas, ao passo que as de robusta ficaram em 44,19 milhões de sacas, o que significa um aumento em relação às 41,07 milhões de sacas do mesmo período do ano anterior.
As exportações brasileiras no mês de agosto, até o dia 29, totalizaram 1.724.511 sacas de café, alta de 30,06% em relação às 1.325.853 sacas embarcadas no mesmo período do mês anterior, de acordo com informações do Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil).
Os estoques certificados de café na bolsa de Nova Iorque tiveram queda de 12.916 sacas, indo para 2.790.469 sacas.
O volume negociado no dia na ICE Futures US foi estimado em 14.971 lotes, com as opções tendo 2.720 calls e 2.208 puts — floor mais eletrônico.
Tecnicamente, o dezembro na ICE Futures US tem resistência em 118,20, 118,50, 118,80, 118,95-119,00, 119,50, 119,70, 119,90-120,00, 120,50, 121,00, 121,50, 122,00, 122,50, 122,20, 122,50, 122,75, 123,00, 123,50, 124,00, 124,50-124,60, 124,90-125,00, 125,50 e 125,90-126,00 centavos de dólar, com o suporte em 116,10-116,00, 115,80, 115,50, 115,35, 115,10-115,00, 114,50, 114,00, 113,50, 113,00, 112,50 e 112,00 centavos.
Fonte : Agnocafe