A semana foi muito negativa no mercado internacional do café e as cotações na Bolsa de Nova York (ICE Futures US) se aproximaram novamente da importante linha técnica e psicológica de US$ 1,00 a libra-peso.
Porto Alegre, 26 de julho de 2019 – O dólar firme contra o real, a ampla oferta global e o clima mais ameno no Brasil foram fatores destacados para a pressão sobre as cotações na semana.
O dólar em alta no Brasil estimula ainda mais as exportações nacionais, que ganham em competitividade. Nos fundamentos, o mercado segue vendo uma oferta cômoda para o abastecimento. O Brasil fechou a temporada 2018/19 com embarques recordes de 41,1 milhões de sacas, segundo o Conselho dos Exportadores de Café (Cecafé). E julho, primeiro mês da temporada nova 2019/20, se encaminha para fechar com exportações acima de 3 milhões de sacas. Esse desempenho tranquiliza o mercado e esse cenário confortável para a demanda voltou a derrubar os preços.
Afora isso, passado o risco recente com geadas de fraca intensidade no cinturão cafeeiro do Brasil (que não trouxeram estragos de porte, ao que tudo indica), as temperaturas voltaram a subir e o inverno está ameno, sem novos perigos à vista. Isso é outro aspecto baixista.
No balanço semanal, os contratos com entrega em setembro caíram do fechamento da semana passada (19/07) de 107,30 centavos de dólar por libra-peso para 100,65 centavos nesta quinta-feira (25/07), acumulando uma queda de 6,2%. Tecnicamente, NY se aproxima de testar a linha de US$ 1,00 a libra-peso, o que pode levar o mercado ainda mais ao fundo.
No Brasil, o mercado físico travou com as perdas externas, com vendedores se afastando da comercialização. Mas, as bases naturalmente caíram acompanhando estas baixas da bolsa. O dólar firme apenas limitou o impacto em reais. O arábica bebida boa no sul de Minas Gerais caiu na semana de R$ 415,00 a saca para R$ 400,00 a saca na base de compra.
Lessandro Carvalho (lessandro@safras.com.br) / Agência SAFRAS