23/5/2005 23:25:40 por News Cafeicultura
O café chegou ao Brasil graças aos encantos de um sedutor Paixão, aventura e suspense. Esses componentes típicos de roteiro de filme ou enredo de romance marcam a história da introdução do café no Brasil, produto que ao passar dos tempos se tornou o principal artigo da economia nacional e dominou o cenário político do país no início do século passado durante o período que se tornou conhecido como a política do café com leite.
Tudo começou em 1727, com a missão comandada pelo sargento-mor Francisco de Melo Palheta, natural de Vigia, no Pará, encarregado pelo governo local de obter sementes de café na vizinha Guiana Francesa.
Conhecido como desbravador da Amazônia e com fama de sedutor, Palheta conseguiu cumprir sua missão, segundo consta, ao seduzir a mulher do governador Claude d’Orvilliers, durante uma visita à Capital, Caiena. Madame d’Orvilliers, que tinha mais de 50 anos, deixou-se encantar pelo militar. Na despedida, ela presenteou-o com sementes e uma pequena muda de café escondidas em um vaso de flores.
O café encontrou no Brasil o terreno propício para o cultivo e graças a essa dávida proliferou-se do norte ao sul do país. O próprio Palheta chegou a ter uma plantação com mais de 1.000 pés em sua terra natal. Com isso, Portugal pôde quebrar o monopólio do cultivo e comercialização, controlado por Holanda e França.
De Belém, o cultivo de café se estendeu ao Maranhão. Em 1760, alcançou o Rio de Janeiro foi plantado em Chácaras na Tijuca, Gávea, Andaraí e Jacarepaguá. O café expandiu-se pela Serra do Mar até atingir, em 1825, o Vale do Paraíba, alcançando logo depois São Paulo, Minas Gerais e o norte do Paraná. Em 1860, o Brasil já é uma grande potência exportadora de café com 26 milhões de pés plantados.
O café induziu progresso. Em 1867, inaugurou-se a estrada Santos – Jundiaí, que unia Santos, principal porto de exportação de café, às zonas de produção. Outras ferrovias surgiram e seus traçados orientaram a direção de novas lavouras; mais tarde os cafezais atingiram também o norte do Paraná.
O progresso atingiu também as cidades do interior, onde surgiram bancos e casas bancárias. A cultura cafeeira atraiu grande número de imigrantes, sobretudo italianos, queVieram em busca de novas perspectivas. Para incentivar a produção e suprir o problema da mão-de-obra, com o fim da escravidão, o governo incentivou a imigração, principalmente da Itália, transformando São Paulo na Metrópole do café.
A quebra do setor cafeeiro no Brasil
Com a chegada da República, os coronéis do café, por meio da chamada política do café-com-leite, passaram a dividir e alternar-se com os mineiros na condução dos destinos do país. Porém, a crise de 1929, com a quebra da bolsa vieram a afetar profundamente a cafeicultura. O financiamento junto aos bancos estrangeiros é interrompido. O preço do café despenca levando muitos fazendeiros à miséria e ao desespero. Milhares de sacas de café estocadas foram queimados. O excedente da produção também faz com que milhões de pés de café sejam erradicados, na tentativa de estancar a continuada queda de preços. Tem início a maior crise da história no setor cafeeiro. Com a recuperação da economia Mundial, após a quebradeira de 29, o Sudeste do país volta a crescer, agora apoiado na cafeicultura e na indústria, com expressão cada vez maior na economia local. Assim, o café brasileiro vai gradualmente retomando sua importante posição na pauta de exportações e o Brasil consegue manter-se como principal produtor de café do mundo e segundo maior mercado consumidor.