O mercado internacional de café teve um mês de junho de preços firmes, sustentados nas bolsas e também no Brasil.
Porto alegre, 28 de junho de 2019 – Na Bolsa de Mercadorias de Nova York (ICE Futures US), o café arábica teve boas altas ao longo do mês, e chegou a bater novamente nos patamares mais elevados desde fevereiro.
Em NY, que baliza a comercialização internacional, alguns fatores foram importantes para esse desempenho. Os fundos e especuladores reduziram suas posições vendidas, em um período em que normalmente há cautela com o frio nas regiões cafeeiras do Brasil. Ou seja, chegam massas de ar polar e há o temor de geadas ou prejuízos com o frio intenso. Mesmo ainda sem maiores riscos, essa cautela basta para o mercado encontrar suporte.
A umidade em época de colheita no Brasil trouxe relatos de perda de qualidade para o arábica, especialmente, em algumas regiões. Isso também foi citado como fator de sustentação para NY se manter acima da importante linha de US$ 1,00 a libra-peso.
Segundo o consultor de SAFRAS & Mercado, Gil Barabach, afora fatores técnicos positivos, mais para o final de junho o café encontrou apoio para os ganhos na disparada do petróleo no mercado internacional, por conta da tensão política entre Estados Unidos e Irã. A queda no dólar, especialmente frente às moedas emergentes, também favoreceu os ganhos do café na bolsa nova-iorquina, indicou.
Barabach destaca o suporte com a previsão de entrada de uma massa polar na segunda semana de julho no Brasil. “A ameaça de frio estimulou os fundos a voltarem às compras, buscando proteção contra o risco climático. É bom salientar que a previsão é baseada em modelos, por isso sujeita a confirmação futura. Em todo o caso, é o mercado de clima dando uma ajuda aos preços do café”, avalia.
Vale salientar que os fundamentos não mudaram, seguem de pressão de baixa sobre as cotações do café. A oferta é tranquila para o abastecimento mundial no curto a médio prazo. O Brasil está colhendo uma boa safra e mantém forte fluxo nas exportações, assim como outras origens garantem tranquilidade para o consumo.
No balanço mensal, o café arábica com entrega em setembro em NY, que fechara maio a 107,10 centavos de dólar por libra-peso, fechou a sessão de 27 de junho em 106,70 centavos, quase estável. Em Londres, o café robusta caiu no mesmo comparativo no contrato setembro de US$ 1.498 para US$ 1.430 a tonelada.
O mercado físico interno acabou acompanhando os ganhos lá de fora. Os arábicas de melhor qualidade, sobretudo, mais procurados e com a preocupação de menor oferta de grãos de alta qualidade devido ao clima, estão apresentando reação mais significativa nas cotações. No Sul de Minas, a bebida dura com 15% de catação alcança R$ 420,00 a saca, tendo fechado maio a R$ 410,00 a saca. “Para ao produtor que viu o preço dessa descrição cair a R$ 380,00 em meados de junho e que já negociou esse café a R$ 370,00 a saca ao longo de maio, a melhora do preço é bem positiva. E isso ajudou a destravar negócios e oxigenar o caixa. Importante o produtor não desperdiçar oportunidade de rentabilizar. Afinal de contas, o cenário fundamental continua mais favorável ao comprador”, avalia o consultor Gil Barabach.
Barabach observa que a bebida fina do Cerrado alcança R$ 455,00 a saca, avanço de R$ 25,00 a saca em relação à semana passada. Enquanto isso, a bebida rio com 20% de catação da Zona da Mata gira em torno de R$ 340,00 a saca, alta de R$ 10,00 a saca no mesmo período de comparação. E o conilon tipo 7 capixaba é indicado a R$ 290,00 a saca, subindo R$ 7,00 a saca em relação à semana anterior.
Lessandro Carvalho (lessandro@safras.com.br) / Agência SAFRAS