13/04/2015
O café teve no ano passado o melhor desempenho dentre todas as commodities. Entretanto, registra até o momento em 2015, o pior graças ao retorno das chuvas ao cinturão produtivo do Brasil. As informações partem da Bloomberg.
As precipitações de fevereiro e março melhoraram as perspectivas para a safra que começará a ser colhida em maio. Com mais café em vistas, os exportadores estão embarcando de armazéns para abrir espaço para a nova safra. Os fundos de hedge têm apostado em preços mais baixos, durante seis semanas, o período mais longo em mais de um ano.
Em 2014, com mudanças climáticas no Brasil, o café também chegou a ser a commodity mais volátil. Os preços subiram 50% em meio à seca. Porém, melhores condições empurraram os futuros para baixo em 16% no mês de dezembro, a segunda maior perda entre os 22 componentes do índice Commodity Bloomberg.
“À medida que o estresse da seca recua, parece que a colheita poderá ser melhor”, disse Frances Hudson, estrategista temático mundial que ajuda a supervisionar 383 bilhões de dólares da Standard Life Investments, em Edimburgo, por telefone dia 9 de abril. “Parece um movimento inteiramente racional” para manter as apostas em curto prazo, disse ele.
Queda nos preços
O café arábica na ICE Futures US, em Nova York caiu 2,2% na semana passada, enquanto o Índice de Mercadorias Bloomberg caiu 0,2%. O Índice Mundial registrou uma subida de 1,9% e o Índice de dólar spot Bloomberg avançou 1,8%.
O Brasil registrou recorde em março nas exportações de café torrado, os dados são do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé). Uma análise de campo feita em algumas regiões produtoras do país mostrou que “plantas pareciam bastante exuberantes e fortes”, disse Christian Wolthers, presidente do importador com sede na Flórida, Wolthers Douque, em relatório dia 9 de abril.
A Wolthers estima que em 2015 a colheita de arábica no país avance 12% ante o ano anterior, para 34,2 milhões de sacas de 60 kg.
‘Agravamento das condições’
Enquanto as chuvas em março reavivaram as lavouras, o clima seco retornou na semana passada, piorando as condições para as plantas, de acordo com a empresa de serviços meteorológicos MDA, em 7 de abril. As árvores devem se esforçar para se recuperar da seca do ano passado, que foi a pior em décadas. A região ainda precisa de muita chuva, especialmente quando iniciar a temporada seca no final do mês, disse a World Weather Inc. em 2 de abril.
O aumento na demanda também deve apertar a oferta, mesmo que a safra brasileira se recupere. O consumo global do café vai subir 3,7% este ano, a quarta alta consecutiva, de acordo com o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA).
Estoques globais
Mais oferta de outros produtores podem ajudar a compensar as perdas no Brasil. Os inventários mundiais subiram 54% nos 24 meses encerrados em 30 de setembro, mostram dados do USDA.
Os estoques negociados pela ICE Futures que estão vindo da Colômbia, segundo maior produtor de arábica, mais que dobraram este ano, para o maior nível desde 2008. Em Honduras, maior produtor e exportador da América Central, os embarques saltaram 38% em março de 2015 ante o mesmo mês de 2014.
Para os carregadores do Brasil, o incentivo para vender mais no exterior tem aumentado nos últimos meses, mesmo com os futuros do café caindo. Isso por conta da queda do real ante o dólar. As exportações são geralmente realizadas com a moeda norte-americana.
“Uma vez que se aproxima a época da colheita brasileira, você vê mais venda, não importa onde o mercado está”, disse Rodrigo Costa, diretor responsável pela commodity na Societe Generale SA, em Nova York, por telefone em 9 de abril.
Tradução: Jhonatas Simião
Fonte: Bloomberg