Para o arábica em Nova York, que baliza as cotações internacionais, os ganhos foram mais fortes, em meio a preocupações com a qualidade da safra brasileira e com o dólar em baixa contra o real (e outras moedas em muitos dias).
Porto Alegre, 1 de julho de 2016 – Os preços do café subiram em junho nas bolsas de futuros e também no mercado interno brasileiro. Para o arábica em Nova York, que baliza as cotações internacionais, os ganhos foram mais fortes, em meio a preocupações com a qualidade da safra brasileira e com o dólar em baixa contra o real (e outras moedas em muitos dias).
Choveu de forma não usual em meio ao período de colheita da safra de arábica no Brasil, em importantes regiões produtoras, como foi o caso do sul de Minas Gerais. Isso não apenas atrapalhou a colheita, paralisando os trabalhos, como principalmente trouxe prejuízos à qualidade dos grãos. Fala-se muito de grãos que secaram no pé e que a secagem e o beneficiamento do café foi muito afetado.
Em um cenário de oferta ajustada à demanda, essas informações chegam as bolsas trazendo temores quanto à disponibilidade de arábicas de qualidade do Brasil este ano.
O dólar comercial caiu 11,1% no Brasil em junho. É outro importante fator altista para a bolsa de Nova York, principalmente. A baixa da moeda americana contra o real traz a indicação de perda de competitividade para o país exportar, sustentando os preços na bolsa.
NY teve um mês de muita volatilidade, chegou a trabalhar abaixo de US$ 1,30 a libra-peso no começo do mês, e agora já testa a linha de US$ 1,50, mostrando que os agentes estão mais comprados e acreditando num mercado positivo. O inverno promete frio intenso no cinturão cafeeiro brasileiro, e o risco de geada sempre gera apreensão e traz cautela em forma de um posicionamento comprado de fundos e especuladores, protegendo-se dessa “ameaça”.
No balanço mensal, o contrato setembro do arábica em Nova York passou de 123,45 para 148,30 centavos de dólar por libra-peso, acumulando alta de 18%. O robusta em Londres subiu menos no comparativo, com o contrato setembro avançando no período 2,9%.
No mercado brasileiro, embora a colheita esteja evoluindo, o beneficiamento do arábica ainda é modesto pela dificuldade de secagem dos grãos em muitas áreas. As altas nas bolsas dão sustentação, tanto para o café remanescente a vender de 2015 e anos anteriores quanto para os cafés novos que vão sendo preparados. Por outro lado, a baixa do dólar compensa em grande parte estes ganhos de Nova York e de Londres.
Assim, no balanço mensal, o arábica bebida boa no sul de Minas Gerais, remanescente do ano passado, subiu em junho 5,3%, passando de R$ 475,00 para 500,00 a saca. O conilon tipo 7 safra nova em Vitória/Espírito Santo subiu somente 1,3% no mesmo comparativo, subindo de R$ 385,00 para R$ 390,00 a saca.
Lessandro Carvalho (lessandro@safras.com.br) / Agência SAFRAS