Café: técnicos dizem ser cedo para determinar quebra de safra

24 de fevereiro de 2006 | Sem comentários Comércio Mercado Interno
Por: Agência Estado / via Último Segundo

Belo Horizonte, 23 – A má distribuição de chuvas após a principais floradas das lavouras de café no final do ano passado poderão provocar quebras na produção da safra 2006/2007, mas especialistas e técnicos do setor ainda acham prematuro estimar o tamanho das perdas. Segundo o gerente do departamento técnico da Cooperativa de Cafeicultores de Guaxupé (Cooxupé), Joaquim Goulart, os problemas começaram no período pós-florada, em novembro, quando houve um excesso de chuvas e baixas temperaturas.

A cooperativa, porém, já havia encerrado as pesquisas de campo que embasaram a primeira estimativa de safra que foi divulgada em dezembro.
Nesse período, segundo ele, aumentaram os índices de infecção por phoma.

Em contrapartida, em janeiro as principais regiões cafeeiras sofreram um veranico forte e a falta de chuvas chegou a provocar um pequeno déficit hídrico. De acordo com o último boletim da Estação de Avisos Fitossanitários, da Fundação Procafé, o volume foi de apenas 157 milímetros, quando a média histórica para o período é de 274,6 milímetros.

A disponibilidade de água no solo, que normalmente é de 100 milímetros, caiu para 22,9 milímetros. Já na zona da mata, a situação foi pior. De acordo com a Estação de Avisos Fitossanitários Heringer, localizada em Martins Soares, o déficit hídrico na região já chegou a 115 milímetros.
Goulart explica que as regiões mais baixas foram as mais afetadas.

A filial da Cooxupé em Monte Carmelo, na região do cerrado mineiro, também registrou um pequeno déficit no mês passado. Segundo Edson Guerreiro, agrônomo da entidade, as chuvas já voltaram a atingir a região, embora continuem mal distribuídas. Ele reitera que o pior para o cafeeiro foi o fato de o veranico ter começado mais cedo do que o normal, no início do mês passado e justamente no período de enchimento dos frutos.

A conseqüência das oscilações do clima foi o aumento da incidência do chamado “coração negro” ou “polpa negra”. O especialista Joel Irineu Fahall, pesquisador do Instituto Agronômico de Campinas, encaminhou à Cooxupé um parecer sobre as causas da anomalia. Segundo ele, na fase crítica de desenvolvimento do fruto, a falta de chuvas pode provocar a necrose de tecido no interior do grão. O abortamento acontece ainda com os grãos verdes por fora.

“A ocorrência de grãos com lojas pretas pode ser generalizada, porém pontual, isto é, pode ocorrer em todas regiões cafeeiras, mas com intensidade considerável somente em pontos isolados”, explica o pesquisador. As altas temperaturas verificadas na região sul do Estado nos últimos dias, de acordo com ele, oferecem todas as condições para provocar a anormalidade, principalmente em lavouras com carga alta.


Goulart explica, porém, que a perda é certa, mas só deve ser mensurada quando a cooperativa finalizar a segunda estimativa de safra, prevista para a segunda quinzena de março. Ele estima que pela situação atual haverá perda de rendimento nas lavouras.

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