5/3/2014 às 18h46
NOVA YORK/LONDRES, 5 Mar (Reuters) – Os futuros do café arábica ultrapassaram 2 dólares por libra-peso na bolsa de Nova York (ICE) pela primeira vez em dois anos nesta quarta-feira, com agressivas compras de investidores por preocupação com o efeito da seca no Brasil que mantém o mercado volátil.
Apesar de a MDA Serviços Meteorológicos, de Maryland, prever fortes chuvas nesta semana no Paraná, São Paulo e sudoeste de Minas Gerais, a empresa também apontou clima mais seco no norte e no leste de Minas Gerais, Espírito Santo e Bahia na próxima semana.
Os futuros do açúcar avançaram para a máxima de quatro meses.
O Brasil é o maior produtor global de café e açúcar.
O segundo vencimento do café arábica saltou 16,95 centavos, ou 9,1 por cento, para 2,0240 dólares por libra-peso, fechando acima da marca psicológica de 2 dólares pela primeira vez desde 5 de março de 2012.
Os fortes ganhos da sessão foram ampliados nos 18 minutos finais de negociação, quando 12 por cento do volume do dia foi movimentado.
As compras de investidores foram realizadas no volátil mercado, que teve seu maior ganho diário em quase 20 anos em fevereiro, e é de longe a mais forte performance no índice Thomson Reuters/CoreCommodity CRB.
Christian Wolthers, da importadora Wolthers Douque, previu pela manhã que a safra 2014/15 do Brasil pode atingir 47,7 milhões de sacas de 60 kg “na melhor das hipóteses” devido à seca. Ele projetou a safra 2015/16 em apenas 40 milhões a 42 milhões de sacas, devido ao menor crescimento dos ramos e menor produção de frutos.
“Quando nós olhamos para Brasil no próximo ano-safra (2014/15), devemos ficar em uma estrutura de preço mais alta”, disse Edward Bell, analista sênior de commodities da Economist Intelligence Unit (EIU).
Os preços do café arábica saltaram 77 por cento até o momento neste ano, impulsionados por temores sobre a seca no Brasil.
Os participantes de mercados de futuros de café estão monitorando cuidadosamente boletins meteorológicos brasileiros e dados, avaliando a extensão dos danos às colheitas.
O segundo vencimento do café robusta na bolsa de Londres subiu 12 dólares, ou 0,6 por cento, a 2.065 dólares por tonelada.
AÇÚCAR
No açúcar, a preocupação com danos causados pela seca no Brasil, também maior produtor do adoçante, ajudou a elevar a commodity a uma máxima de quatro meses.
O contrato maio do açúcar bruto na ICE fechou com alta de 0,49 dólar, ou 2,8 por cento, para 18,23 centavos de dólar por libra, depois de tocar um pico de quatro meses de 18,28 centavos de dólar.
“Nos gráficos, há potencial de alta se formando, e embora (o mercado) permaneça em território sobrecomprado, compras consistentes em qualquer queda podem convencer que outro movimento de alta é iminente”, disse Nick Penney, operador sênior da trading Sucden Financial.
Os futuros do açúcar branco na Liffe subira 8,60 dólares, ou 1,8 por cento, para fechar em 485,10 dólares por tonelada.
(Reportagem de Marcy Nicholson e David Brough)