Belo Horizonte, 14 – O presidente da Comissão Técnica de Cafeicultura da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Breno Pereira de Mesquita, revelou hoje que o setor não pretende abrir mão de obter junto ao Ministério da Agricultura a aprovação para realizar leilões de Prêmio Equalizador Pago ao Produtor (Pepro) para café. A idéia é que sejam disponibilizados R$ 300 milhões.
O Pepro é uma subvenção econômica (prêmio) concedida ao produtor rural ou cooperativa, que se disponha a vender seu produto pela diferença entre o valor de referência estabelecido pelo governo e o valor do prêmio equalizador arrematado em leilão. O Pepro é lançado quando o preço de mercado fica abaixo do valor de referência.
Mesquita enfatizou que os demais segmentos da cadeia produtiva, por meio do Conselho Deliberativo de Política Cafeeira (CDPC) ainda não se reuniram para discutir o assunto, mas a idéia é de que as negociações se intensifiquem para que a proposta “seja aprovada o mais rápido possível”. “Não existe alternativa, o setor produtivo precisa do Pepro”, afirmou Mesquita. Ainda não foram definidos o volume de recursos a ser disponibilizado, o valor do prêmio e o número de leilões.
Hoje, o presidente da Comissão de Café da CNA participou de reunião com representantes de cafeicultores do sul de Minas, maior região produtora do Estado, na qual a principal preocupação foi o aumento dos custos de produção. Em média, o custo na região tem girado em torno de R$ 320 a saca de 60 kg de café, enquanto a cotação do produto tem girado em torno de R$ 240 a saca.
Paralelamente, o setor produtivo também reivindica a negociação da dívida em Cédula de Produto Rural (CPR), estimada em R$ 300 milhões. Segundo o presidente da Comissão de Café da CNA, a situação seria mais grave no sul e na zona da mata de Minas. A idéia é de que seja criada uma nova linha de crédito para os produtores que teriam condições de comprar café e honrar as cédulas, em condições mais favoráveis. A proposta ainda terá de passar pela análise da área econômica do governo. “Este instrumento seria complementar ao Pepro”, diz o dirigente.
Mesquita respondeu, ainda, às críticas feitas por outros segmentos da cadeia produtiva com relação aos leilões de Pepro realizados no ano passado, que teriam sido pouco transparentes, beneficiando apenas algumas grandes cooperativas de produtores. “Se houve erros no ano passado, foi muito mais por desconhecimento deste mecanismo, do que por má-fé, mas acredito que neste ano teremos maturidade para realizar estes leilões. Mas tem de haver a concordância de toda a cadeia produtiva”, ressaltou o presidente da Comissão de Café da CNA.
(Raquel Massote)