Café moído teve alta de 40% em 2024 e preço deve subir mais em 2025
Por Globo Rural
Em 2024, o preço do café moído teve aumento de 40%, de acordo com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). E a expectativa, segundo especialistas, é que a alta permaneça nos primeiros meses de 2025. Mas por que o café está caro assim? Para entender o aumento dos preços, a Globo Rural conversou com produtores, indústria e associações.
A explicação está numa soma de fatores: estoque mais baixo do grão, incerteza do potencial produtivo para a safra 2025/2026, alta das exportações e desvalorização do real frente ao dólar.
O estoque apertado é resultado da falta de chuvas. Com as mudanças no clima, a produção diminui e os custos com manutenção da lavoura aumentam – é a chamada inflação climática.
Em novembro, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, na sigla em inglês) indicou que a safra brasileira de café 2024/25 sofreria redução de 5,8%. A estimativa apontou que o volume de produção ficaria em 69,9 milhões de sacas de 60 quilos.
Já os produtores explicam que, com as altas temperaturas, há também o desequilíbrio de pragas no café, como bicho mineiro e a cigarra, levando à necessidade de maior investimento no controle dessas pragas. Aqueles que optam por compensar a falta de água com irrigação têm ainda o custo com os equipamentos.
Nesse contexto, sobram perguntas sobre como ficará o clima para produção da safra 2025/26. A incerteza também leva ao aumento de preço, pela expectativa de diminuição da oferta do grão.
Outra peça nesse quebra-cabeça dos preços é o volume recorde de exportação do grão brasileiro em 2024. De acordo com a Abic (Associação Brasileira das Indústrias de Café), os motivos para esse movimento são: a forte cotação dos grãos arábica e robusta nas bolsas internacionais (o que aumenta o interesse pela venda ao mercado externo) e a forte demanda internacional, já que o Vietnã, outro grande produtor do grão, também sofreu com o clima.
Dados divulgados pelo Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil) com o compilado das exportações até novembro já mostravam volume recorde de exportação para 2024. Em 11 meses, já haviam sido exportados 46 milhões de sacas de café, aumento de 3,78% em relação ao recorde de 44,707 milhões de sacas atingidos nos 12 meses de 2020.
De acordo com a Abic, já nos primeiros meses do ano deve haver mais reajustes nos preços, em torno de 10% a 15%. “O varejo já vinha repassando ao consumidor os custos de produção ao pacote de um quilo, mas há entendimento da indústria de que existe a necessidade de novo ajuste”, observa Celírio Inácio, diretor-executivo da Abic.
Já segue nosso Canal oficial no WhatsApp? Clique Aqui para receber as principais notícias da Cafeicultura