Revista Globo Rural premia empresas que atuam no setor agropecuário com a edição do Anuário do Agronegócio
À frente de uma platéia de 300 pessoas, o empresário Paulo Tarso de Lima, diretor comercial da Café Santa Clara, de Fortaleza, parecia não acreditar no que ouvira segundos antes. Retornou ao palco meio incrédulo para depois dar um sorriso tímido e agradecer pela segunda vez aquela noite. Era 27 de setembro de 2005 e a indústria torrefadora acabara de se tornar a campeã do prêmio Melhores do Agronegócio da Editora Globo em parceria com a Serasa, empresa que atua com análise de crédito. Fora do eixo Rio-São Paulo, com capital 100% nacional e competindo com grandes multinacionais, a Santa Clara se tornou a empresa do Agronegócio no primeiro ano da premiação.
A solenidade de entrega foi feita em Goiânia com a participação do governador de Goiás, Marconi Perillo Júnior, e do presidente da OCB – Organização das Cooperativas Brasileiras, Márcio Lopes de Freitas. O trabalho foi desenvolvido em conjunto pela revista Globo Rural e pela Serasa com base nos resultados de 2004 das empresas que atuam no agronegócio, desde aquelas que atuam antes da porteira como as que têm atividade depois da porteira.
Torrefadora
Com sede em Fortaleza e atuação principalmente nas regiões Nordeste, Norte e no Rio de Janeiro – mercado em que ocupa a segunda colocação no ranking – , a empresa nordestina concorre no disputado mercado de café torrado e moído. Em termos nacionais, a Santa Clara ocupa a segunda colocação entre as maiores empresas do segmento, atrás do grupo Sara Lee e à frente da Melitta, segundo informações da Abic – Associação Brasileira da Indústria do Café. “Foi uma surpresa para mim”, disse Paulo Tarso de Lima, diretor comercial, ao receber o troféu das mãos do governador goiano. “Pensei que seria a Itambé”, confessou ele um pouco mais tarde, mais acostumado com a idéia.
O Prêmio Melhores do Agronegócio foi criado com o objetivo de premiar as empresas que se destacaram em 30 segmentos específicos do setor agropecuário com base em oito critérios qualitativos previamente definidos. Identificados os setores, as empresas com atuação no campo foram contactadas pela Serasa que, de posse dos balanços e também por meio de informações obtidas diretamente com as empresas, tabulou os dados para se chegar a uma conclusão em relação ao desempenho individual de cada uma.
Setores
Encerradas as análises dos dados das empresas, um serviço que durou mais de quatro meses, os técnicos chegaram aos nomes das 30 vencedoras setoriais (veja a tabela no destaque). O método de escolha foi simples e transparente: a soma de pontos obtidos em cada um dos oito critérios estipulados. Dois desses valem peso 2, que são o valor da receita líquida e a rentabilidade do patrimônio, um requisito básico para a continuidade e expansão dos negócios. Os demais seis quesitos têm peso 1 e são ativo total, liquidez, margem líquida, margem da atividade, endividamento e giro do ativo.
Uma vez selecionadas as 30 vencedoras setoriais, o passo seguinte foi escolher a Campeã do Ano do Agronegócio. A Editora Globo criou uma comissão julgadora montada por um grupo composto por Luiz Fernando Garcia, professor da FGV – Fundação Getúlio Vargas; Paulo Kitamura, chefe da unidade de meio ambiente da Embrapa; José Roberto Monteiro, conselheiro da ABMR – Associação Brasileira de Marketing Rural; Otília Goulart, da CNA – Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil; José Carlos Harsknecht, engenheiro agrônomo e consultor da empresa MB Associados; e o produtor e líder rural Luiz Hafers, vinculado à SRB – Sociedade Rural Brasileira.
Para o prêmio da melhor do ano concorreram apenas as 30 vencedoras setoriais. E se um prêmio já o havia deixado contente, quando foi anunciada a premiação maior o empresário de Fortaleza não disfarçou a surpresa. Paulo Lima lembrou que a empresa começou em 1959 com seu pai, João Alves Lima e que o objetivo era sempre a busca da qualidade.
Análise
Para a escolha da campeã, a comissão julgadora recebeu antecipadamente todos os números levantados pela Serasa sobre essas empresas vencedoras em seus setores para que cada componente tivesse tempo de fazer análise detalhada.
Os membros do júri também receberam um questionário que havia sido respondido anteriormente pelas mesmas, sobre assuntos mais variados, como governança corporativa – como abertura de capital – ; satisfação dos públicos interno e externo; e respeito ao meio ambiente.
O júri se reuniu na sede da Editora Globo e, depois de uma reunião fechada e muitas discussões, votaram na campeã. “A discussão foi muito produtiva e o resultado acabou sendo consenso entre os seis membros”, disse José Roberto Monteiro, conselheiro da ABMR e membro do júri.
Otília Goulart, representante da CNA – Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil, também aprovou o método. “Foi muito boa a discussão e houve convergência de idéias”, disse.
O anuário elaborado pela revista Globo Rural também dispõe de entrevista com as 30 empresas vencedoras e um ranking com as 500 maiores empresas do setor do agronegócio com base na receita líquida.
Além disso, a Globo Rural preparou tabelas regionais e estaduais, derivadas do ranking das maiores, para que os leitores tenham noção do desempenho das companhias nas regiões em que atuam. Outra novidade do guia, que tem 244 páginas, são destaques das 50 maiores empresas de capital nacional, as 50 de capital estrangeiro, maiores por ativo total, patrimônio, lucro, rentabilidade, margem líquida, margem de atividade, liquidez e por endividamento.