SAFRAS (06) Confira, abaixo, análise da Somar Meteorologia para a cafeicultura. Segundo o engenheiro agrônomo e Agrometeorologista Marco Antônio dos Santos, a safra 2010 de café poderia marcar um recorde em termos de volume de produção, uma vez que não houve déficit hídrico nas principais regiões do país. No entanto, o excesso de chuvas foi prejudicial para o chamado “pegamento” das lavouras, e ainda gerou diversas floradas, provocando um desenvolvimento desuniforme, com alguns cafezais apresentando distintos estágios neste momento.
O segundo semestre de 2009 foi extremamente chuvoso em praticamente todas as regiões produtoras de café de Minas Gerais, São Paulo e Paraná e esse grande volume de chuvas induziu a planta a florescer diversas vezes, entre os meses de setembro a dezembro. O excesso de floradas irá prejudicar a qualidade da bebida, uma vez que existem atualmente na mesma planta grãos em distintas fases de desenvolvimento, desde chumbinho até grãos verdes. E, no momento da colheita, o produtor terá que optar em fazer um processo seletivo e ver seus custos aumentarem, ou fazer um derriça total dos grãos, e ver seu produto depreciado.
Por causa dessas chuvas o armazenamento de água no solo sempre se manteve acima dos 80%, resultando num grande enfolhamento das plantas. Desse modo a planta está vistosa. No entanto, o pegamento foi afetado e, muito provavelmente, a produção inicialmente estimada não deverá ser concretizada.
Em relação às condições fitossanitárias, o elevado índice de umidade associada a temperaturas elevadas e o ato grau de enfolhamento das plantas estão propiciando uma incidência muito grande de doenças, como a ferrugem do café e também de pragas. Mas o grande problema que os cafeicultores estão enfrentando é em relação ao controle e manejo do mato, pois os vários dias chuvosos estão impedindo que o cafeicultor vá ao cafezal para aplicar os herbicidas ou mesmo realizar as capinas mecânicas e manuais.
Contudo, se não fosse o problema descrito acima, em relação ao pegamento das floradas, a produção dessa safra, que é cheia, teria tudo para ser recorde, visto que a intempérie que mais afeta a produtividade do café, o déficit hídrico, não ocorreu e também não há previsão de ocorrer durante os próximos dois meses.
Entretanto, nas regiões norte do Espírito Santo, sul da Bahia e Norte e Nordeste de Minas Gerais, a estiagem que já dura mais de 50 dias começa a afetar as lavouras de café com quebras de 10 a 11%. E a situação é mais grave na região norte do Espírito Santo, pois é uma região de alta produção de café Conilon e de extrema importância para a cafeicultura nacional.
E as noticias para os próximos 10 dias não são nada animadoras, uma vez que as previsões meteorológicas não indicam chuvas acima dos 10 mm para esse período. Com isso, a situação poderá ser agravada ainda mais. (FR)