Café robusta importado do Vietnã sairia até R$ 250 mais caro do que o brasileiro para as indústrias, aponta estudo

“É uma briga grande!”. O ministro foi chamado, inclusive, para falar com o presidente Michel Temer, que pediu “muita calma”. “É uma decisão que, no momento que se tomar, ela vai criar arestas políticas”, afirmou Blairo.

3 de fevereiro de 2017 | Sem comentários Comércio Mercado Interno

Enquanto as indústrias brasileiras e o setor produtivo travavam uma queda de braço para decidir sobre a importação de café robusta (conilon) junto ao governo, a OCB/ES (Organização das Cooperativas Brasileiras) encomendou um estudo com uma importadora particular que mostrou que, em qualquer uma das situações propostas para autorizar a medida no país, a importação do café do Vietnã, maior produtor mundial do grão, sairia bem mais cara para as indústrias do que comprar o grão internamente. A diferença chega a ser de até R$ 250,00 a saca de 60 kg.


“Solicitamos para uma empresa calcular o valor de importação de um contêiner com 320 sacas de 60 kg de café do Vietnã, fizemos todas as contas e para nossa surpresa, o valor saiu bem mais alto do que o que estava sendo cotado o café no dia 26 de janeiro no Brasil, quando recebemos os dados. O preço pode variar entre R$ 525,59 a saca com ICMS de 9%, e chegar a até R$ 725,26 com ICMS de 35% e com alíquota zero sairia cerca de R$ 480,00. O valor interno do robusta no dia era de R$ 467,00 a saca, em média”, explica o analista de mercado da OCB/ES, Alexandre Costa Ferreira. Na Bolsa de Londres, a saca do grão estava em R$ 387,85 sem custos adicionais e impostos.


Ele ressalta que após o levantamento da OCB, as indústrias se movimentaram para conseguir importar o café sem ICMS, o que compensaria um pouco mais ante os valores verificados no mercado interno. Desde o fim do ano passado, representantes da indústria de café solúvel e a de torrado e moído pleiteiam a importação de 200 mil sacas mensais, no período compreendido entre janeiro e maio, volume que seria isento da tarifa de importação. Acima disso, seria aplicada a Tarifa Externa Comum (TEC) de 35%. Os cafés poderiam ser importados de países como o Vietnã e Indonésia.


“Importação não é uma tarefa simples. Além de terem de pagar mais pelo café, eles teriam que fazer todas as transações à vista com o Vietnã. Também tem que se levar em conta a logística, o café importado deve chegar ao Brasil apenas depois de 60 dias e levaria mais 10 dias para a liberação do produto na alfandega”, explica Ferreira.


O ministro da agricultura Blairo Maggi voltou aos trabalhos no Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) na quarta-feira (1º) após participar de missão internacional na Europa e Estados Unidos. Agora, todos os levantamentos realizados pela Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) dos estoques de café robusta e as recomendações dos técnicos serão encaminhados para o chefe da pasta tomar uma decisão. Tudo indica que Maggi deverá autorizar pela primeira vez na história a importação, atendendo assim um pedido da indústria.


“Tecnicamente estamos bem embasados e eu estou convencido que isso (importação) deverá ser feito. Mas é um tema muito delicado para o Brasil. Raríssimas vezes o Brasil importou café e tem uma resistência muito forte por parte dos produtores, especialmente os do Espírito Santo, e os políticos do Espírito Santo estão mobilizados”, disse Blairo à agência de notícias Reuters. “É uma briga grande!”. O ministro foi chamado, inclusive, para falar com o presidente Michel Temer, que pediu “muita calma”.  “É uma decisão que, no momento que se tomar, ela vai criar arestas políticas”, afirmou Blairo.


Leia a íntegra no Notícias Agrícolas


Por: Jhonatas Simião
Fonte: Notícias Agrícolas

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