CAFÉ: RENOVAÇÃO PÕE PRODUÇÃO COLOMBIANA EM RISCO

SAFRAS (25) – Os cafeicultores colombianos estão “no fio da navalha” devido a uma série de fatores que atentam contra a atividade, em especial o fenômeno de renovação. Além das queixas, onde o governo tem papel importante, agora sua principal tarefa é assumir novos propósitos para definir se finalmente o setor sairá da sua difícil situação.

A análise foi efetuada pelo ex-ministro da Fazenda e atual membro do Comitê Nacional de Cafeicultores, Juan Camilo Restrepo Salazar, durante sua participação no passado fórum “Perspectiva da cafeicultura”, realizada em Armenia, no final de semana, durante o evento gastronômico “Quindío café e sabor”. No encontro, também estiveram presentes o diretor do Crece, José Leibovich e o presidente da Asoexport, Jorge Enrique Lozano.
    
Entre outros compromissos, Salazar falou da importância de criar novas estratégias para aumentar o consumo interno. O representante cafeeiro questionou o baixo consumo na Colômbia, que não supera os 1,5 milhão de sacas há muitos anos, ao passo que o Brasil passou de 8 milhões de sacas para 16 milhões de sacas  volume que deverá ser verificado neste ano. Tanto para o palestrante, quanto para o diretor do Crece, isso se deve, em boa parte, à má preparação do café, que motiva um baixo consumo per capita.

Paradoxalmente, disse, se consome um melhor café no litoral e nas regiões que não são cafeeiras. A Colômbia tem como objetivo se converter em um grande consumidor de seu próprio café e temos que criar consciência de preparar um bom café para que o país possa voltar a ser o segundo consumidor do seu próprio grão, lembrou Salazar. Leibovich citou o caso das grandes nações que cultivam uvas e orgulham-se de possuir o melhor vinho. Porém, no caso da Colômbia, há propriedades que não são exemplares. “Temos poucas lavouras que podem ser
enquadradas na categoria de grande qualidade”, disse.

Como apontado pelo presidente da Colômbia, Alvaro Uribe, no Congresso Nacional Cafeeiro do ano passado, os especialistas concordam com a necessidade de aumentar a produção e passar de 12 milhões de sacas atuais para 15 ou 16 milhões de sacas, com a mesma fronteira cafeeira de hoje, de aproximadamente 800 mil hectares. 

Os especialistas também observaram um problema no gerenciamento das lavouras. Eles  lembraram que, em nações como Vietnã, os filhos assumem as tarefas de seus pais entre os 25 e 30 anos, ao passo que na Colômbia essa transição se dá entre os 40 e 50 anos.

Outro dos temas delicados apresentados por Restrepo Salazar foi a falta de instrumentos necessários para que o Fundo Nacional do Café enfrente os vários desafios quando chegar uma crise do setor. Nesse caso, apontou, o problema parte do Congresso Nacional, que proibiu que se discutam elementos adicionais para aumentar a contribuição cafeeira de 6 centavos de dólar para 9 centavos, quando o preço, no mercado internacional, encontrar-se no nível acima dos 1,50 dólar.

“Não existem instrumentos suficientes para acumular algumas reservas que permitam ao Fundo Nacional cumprir a função estabilizadora e buscar, por exemplo, coberturas de taxa de câmbio e de preço que cumpram com essa função”, anotou.

Para os especialistas, é iminente expor tar café com um maior valor agregado, de tal forma que essa proporção não seja de uma saca especial por três que se vendem no exterior. O ideal seria uma saca especial por duas que se exportam. Salazar se mostrou de acordo com as percepções de que o Brasil não terá uma safra das mais altas, porém, também advertiu que não se pode “cantar vitória”, já que o Vietnã deve exportar 18 milhões de sacas e deverá manter ritmo similar em 2008. “Por fim, é importante que despertemos o consumo interno, incentivemos os jovens a beber café e pedir um controle absoluto da renovação das lavouras”, concluiu Salazar.

Ao longo do evento, foram apresentados os 10 objetivos diretos para a cafeicultura colombiana, entre eles, aproveitar o aumento do consumo; incentivar que os países produtores sejam mais consumidores; incrementar a demanda interna; propiciar um melhor desenvolvimento gerencial dos cafeicultores em suas propriedades; melhorar a função estabilizadora do Fundo Nacional do Café; aumentar o valor agregado das exportações; e frear o impacto da renovação das lavouras.
    
As informações partem do Agnocafé, segundo noticiou o Conselho Nacional do Café (CNC).
 
(LR)

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