Café
Por Lucas Harris
Desde nosso último relatório mensal (agosto) observamos poucas mudanças, tanto no fundamento do café quanto no cenário macroeconômico. Como consequência, o preço em US$ no mercado de NY pouco se alterou, apresentando uma pequena queda no intervalor de um mês. O mês de setembro apresentou mais chuvas do que sua média histórica, e foram poucas as regiões cafeeiras que não foram atingidas; assim, os altistas que ainda acreditavam que a seca perduraria tiveram que focar-se somente nas consequências da seca passada.
Outra consequência das chuvas é observada no campo, aonde as floradas vêm aparecendo e surpreendendo muitos: mesmo sabendo que faltam etapas para granulação e a formação do grão, a primeira delas (flores) parece sugerir uma bela safra pela frente.
Já o mercado físico vem apresentado um aumento no número de negócios, com preços em reais muito atrativos. Com as atuais taxas de Dólar x Real, embora o café venha trabalhando com um preço baixo em dólares, em reais está próximo às máximas históricas – o que vem garantindo a alegria de muitos produtores.
No mercado a termo foram registrados negócios para bica corrida para 2016 entre R$ 500,00 R$ 550,00 e para 2017 entre R$ 600,00 e R$ 620,00. Quando analisamos a conjuntura macroeconômica como um todo, é difícil vislumbramos uma robusta recuperação econômica mundial, o que faria com que as commodities apresentassem uma recuperação em função do aumento da demanda (conforme mencionado no relatório do mês anterior, a maioria das commodities vem se desvalorizando frente ao dólar); porém, nos últimos pregões vimos o café NY manter os níveis mesmo com o Real batendo recordes de desvalorização, o que sugere que estamos em níveis de um suporte relevante no mercado internacional.
O cenário macroeconômico vem sendo um grande determinante, pois, além de toda a desaceleração da atividade internacional e a constante ameaça americana de subir as a taxa de juros (o que vem fazendo com que todos sejam penalizados, principalmente os emergentes), o Brasil sofre mais que os demais por sua situação excepcional.
Após alguns anos na fracassada tentativa de implementar a Nova Matriz Econômica, a heterodoxa equipe da Dilma deteriorou uma série de indicadores significativos; como consequência, na tentativa de evitar uma piora ainda maior, o governo tenta um choque ortodoxo, mas sem credibilidade e apoio do congresso (consequência de uma crise política).
Esse é o motivo pelo qual acreditamos tanto na influência do câmbio no preço do café e demos tanta ênfase a ele: no mundo, pouquíssimas moedas apresentaram uma desvalorização frente ao dólar tão intensa quanto ao Real no ano de 2015. Paralelamente a esse cenário, fundos especulativos continuam mantendo sua posição fortemente vendida no contrato de café arábica negociado em NY.
Em algum momento esses deverão recomprar a posição que hoje gira em torno de 33.000 contratos vendidos – o que representará uma forte pressão compradora-, no entanto, aparentemente esses ainda não tem motivo para fazê-lo. Os contratos de café negociados na BMF vêm decepcionando os participantes no que se refere à liquidez, com um baixo volume sendo negociado nos últimos dias.
Se por um lado o volume não garante grandes negócios, os arbitradores que se interessam em operações menores vêm conseguindo bons giros. Observamos, por exemplo, em poucas horas a arbitragem oscilar entre -10,00 até – 8,20.