Café: Redução nos preços dos fertilizantes é acompanhada pela redução nos preços do café

Por CNA

Os fertilizantes são insumos de grande importância na produtividade e rentabilidade da produção agrícola. Ao suprir parte das demandas nutricionais das culturas, favorecem uma maior produção por área cultivada, o que, por sua vez, pode resultar em melhor desempenho econômico para a atividade agrícola.

No entanto, vale salientar que a participação dos fertilizantes como componentes do custos de produção é significativo. Os preços dos fertilizantes, sofrem variações de acordo com a demanda global, disponibilidade de matéria-prima e flutuações no mercado, podendo representar uma parcela considerável dos desembolsos diretos. Portanto, o produtor rural precisa analisar cuidadosamente não apenas a quantidade e o tipo de fertilizantes utilizados, mas também a forma e época de aquisição deste insumo

O Gráfico 1 ilustra o percentual de participação dos custos com fertilizantes ao longo do ciclo
produtivo, correlacionados de acordo com a espécie de café (Coffea arabica e Coffea canephora) e o sistema de produção (manual, semimecanizado e mecanizado).

Dados coletados através do Projeto Campo Futuro (CNA/Senar) em parceria com a Universidade Federal de Lavras, indicam que os fertilizantes representam 33% dos custos operacionais efetivos para a produção de café arábica cultivado manualmente. No caso do café arábica semimecanizado e mecanizado, esse percentual aumenta para 38% e 37%, respectivamente. Já para o café conilon, a participação dos fertilizantes nos custos operacionais corresponde a, 35% dos custos no sistema de condução manual, enquanto no cultivo semimecanizado, essa proporção é de 30%.

Tomando como exemplo três praças analisadas nos dois últimos anos, Guaxupé MG e Franca SP (arábica) e Jaguaré ES (conephora) o produtor de café viu os custos com fertilizantes apresentarem um recuo entre 2022 e 2023. Contudo os custos operacionais não caíram em mesma proporção e, o que mais preocupa, os preços recebidos pela saca de café apresentaram também o mesmo movimento de retração nas cotações.

Em 2023, houve uma acentuada queda nos preços dos fertilizantes, essa situação de preços mais baixos, em comparação com patamares históricos de um ano atrás, demonstra uma mudança substancial nas condições de mercado. Porém a diminuição de preço dos adubos, seguiu acompanhada pela menor cotação da saca de café. Ampliando a amostra para as demais regiões onde o Projeto tem acompanhamento mensal de custos e preços podemos entender um pouco do momento produtivo.

O Gráfico 3 apresenta o comportamento nos preços de café nas regiões que apresentaram as maiores quedas nos preços dos fertilizantes nos últimos 12 meses. Nota-se que as praças que produzem café arábica (Caconde SP, Capelinha MG e Guaxupé MG) tiveram maior impacto na receita, enquanto que as praças produtoras do café conilon (Itabela BA e Jaguaré ES) apresentaram baixas variações.

Independente da região, a discussão acima reflete um cenário importante uma vez que o uso eficiente de fertilizantes pode ter impacto direto na produtividade e, consequentemente,
nas margens obtidas com a venda do produto final, principalmente em momentos de retração de preços de café.

Com isso, pensando no planejamento para as próximas aquisições de fertilizantes os produtores devem seguir atentos aos movimentos de mercado e as alternativas que se apresentam. Diversos fatores como o clima da região, a disponibilidade no mercado e as necessidades da lavoura, devem ser consideradas com antecedência para garantir uma aplicação eficiente dos insumos.

Do ponto de vista gerencial, uma alternativa possível é o sistema de barter que se destaca como uma ferramenta para o cafeicultor gerenciar os custos de produção. Através do barter, os agricultores podem trocar uma porção da sua safra de café por insumos, como os fertilizantes, em vez de desembolsar capital financeiro. Isso se torna especialmente vantajoso quando as taxas de juros estão altas, uma vez que o custo de empréstimos tradicionais tende a ser mais oneroso.

Paralelo a esta alternativa a gestão de riscos de preços é importante devido à volatilidade dos
preços do café, os cafeicultores devem estar preparados para lidar com possíveis variações nos resultados financeiros. Estratégias de gestão de riscos, como o uso de contratos futuros, podem ajudar a minimizar impactos adversos.

Por fim, na administração dos financiamentos deve-se procurar instituições financeiras que ofereçam planos de pagamento flexíveis. Isso permite aos produtores ajustar seus pagamentos de acordo com a sazonalidade das receitas da colheita de café, evitando pressões financeiras excessivas em determinados momentos do ano.

Uma gestão financeira sólida é fundamental. Os produtores devem acompanhar de perto seus custos de produção e ajustar suas estratégias de negócio de acordo com as condições de mercado e o seu modelo produtivo afim de colher os melhores resultados técnicos e econômicos com a atividade.