Café: qualidade começa no campo

Por: Estado de São Paulo

A colheita de café está em andamento e agora é a hora de o produtor esmerar-se no preparo dos grãos para obter o máximo de qualidade e um produto final mais valorizado. São cuidados que custam pouco, conforme o agrônomo Roberto Antônio Thomaziello, do Centro de Café Alcides Carvalho, do Instituto Agronômico (IAC), e que podem dar um bom diferencial de preço na hora da venda.

A obtenção de um café de qualidade começa já nos preparativos para a colheita, ensina o gerente-geral da Embrapa Café, Gabriel Bartholo. “Faça uma limpeza (arruação) da área e providencie sacaria, rastelos, panos, peneiras e balaios limpos”, diz. “Equipamentos e máquinas também devem começar a safra limpos e sem resíduos da safra passada.”

CEREJAS

O ponto certo de colheita é quando há uma maior quantidade de grãos maduros (cerejas) nos ramos e baixa quantidade de verdes e passas (grãos secos). Na hora da colheita, deve-se fazer a derriça no pano, para evitar que os frutos tomem contato com o solo. Isso porque microrganismos contidos no solo podem contaminar os frutos. Aqui, é importante também fazer a varrição, ou seja, a retirada, sob os pés de café, dos frutos que caíram fora do pano. Esses frutos devem ser tratados separadamente do restante. “Não deixe os frutos caídos no chão, pois eles favorecem o surgimento da broca do café.”

Após a colheita, os frutos devem ser levados à unidade deprocessamento, onde é feita a lavagem e a separação do café seco e do cereja. Após a lavagem, os cafés devem ser secos. “O café deve ser lavado e seco no mesmo dia. Nunca se deve deixá-lo parado ou amontoado de um dia para o outro, para que não haja fermentações indesejáveis, que podem deteriorar a bebida e influenciar no sabor.”

NA SECAGEM

O café deve permanecer no terreiro até atingir 11% de umidade, para ser armazenado ou beneficiado. Essa porcentagem pode ser medida com equipamentos específicos. Segundo a pesquisadora Sára Maria Chalfoun, da Epamig, desde a colheita até o armazenamento, o café vai atingindo a umidade indicada. Por isso é essencial o monitoramento constante da secagem, que pode ser no terreiro ou mecânica.

No terreiro, a grossura da camada de café irá depender do estágio de maturação e do tipo de processamento que o café sofreu, mas é possível consultar um técnico. Se houver a necessidade de secagem mais rápida, o mais indicado é usar o sistema misto, em que o café é seco no terreiro até a meia-seca (30% de umidade) e o processo é completado mecanicamente. “O segredo da secagem é a retirada lenta da água do interior do grão”, diz Thomaziello. “Não se pode secar demais para evitar perda de peso e quebra de grãos. Já o excesso de umidade favorece a formação de mofo.”

Na hora de armazenar, é preciso conferir se o local tem condições adequadas (piso, sistema de ventilação, dimensões certas, etc.) para permitir um perfeito arejamento do café. “O café que está no pé é de boa qualidade. É preciso que o agricultor siga as recomendações para que o produto seja valorizado”, conclui Sára.

(SERVIÇO)SAIBA MAIS: Embrapa, tel. (0–61) 3448-4378; Epamig, tel. (0–35) 3821-6244

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