Café protegido
Muitas lavouras de café em Minas Gerais estão localizadas em terrenos de grande altitude, portanto, sujeitas a ventos fortes, com frequência, acompanhados de chuva de granizo. Como resultado, podem ocorrer desfolhamento de plantas e ferimentos nas folhas, o que favorece a instalação de doenças. O uso de árvores como quebra-ventos para as culturas de café tem diversas vantagens, entre elas a redução do impacto dos ventos, chuvas e doenças fúngicas sobre as folhas. Há que se destacar, ainda, o aumento da receita do produtor com o consórcio entre a lavoura cafeeira e culturas como abacate e banana. Essas duas frutíferas são
excelentes quebra-ventos.
É importante conhecer o manejo, exigência nutricional, hábito de crescimento, espaçamento e outras informações para depois iniciar um plantio consorciado. Uma das alternativas é a cultura do abacate. As mudas devem ser enxertadas para atender aos mercados de cosméticos e de fruta in natura. Essas mudas deverão ser adquiridas de viveiros registrados.
Se a opção for pela cultura da banana, as mudas são de fácil obtenção, mas deverão ser tomados cuidados para obtê-las de plantas matrizes sadias. As medidas de proteção contra ventos devem ser aplicadas nas áreas problemáticas, onde ocorrem ventos frios continuados, para evitar prejuízos diretos ou indiretos sobre o desenvolvimento e a produção do cafezal, sendo prioritárias as medidas destinadas a proteger plantações jovens, mais prejudicadas por ventos.
MEDIDAS PREVENTIVAS
>> Escolher o local adequado ao plantio de café, evitando, nas regiões sujeitas, as faces sul e leste e as chapadas muito batidas por ventos frios.
>> Usar variedades e sistemas de plantio em que os ventos provoquem menos danos, como as variedades de plantas compactas, de porte baixo, e, assim, mais autoprotegidas (como o Catuí), em detrimento daquelas mais expostas, como Mundo Novo. Os plantios em renque, fechados na linha, e os adensados (linha e rua) oferecem, também, uma melhor autoproteção contra os ventos.
MEDIDAS CORRETIVAS
>> Instalação de quebra-ventos para proteger o cafezal, podendo ser de três tipos: anuais, temporários e permanentes.
>> As plantas usadas como
quebra-ventos devem ser instaladas no cafezal em condições de oferecer boa proteção com o mínimo de concorrência com os cafeeiros. Os quebra-ventos anuais e os temporários devem ser implantados para proteger inicialmente as lavouras, até que os permanentes surtam efeito.
>> Quebra-ventos anuais são indicados para os três primeiros anos da lavoura, consistindo no plantio intercalado, em algumas ou em todas as ruas, de culturas de porte alto, como sorgo, arroz, girassol e mandioca.Sempre que possível, as plantas devem permanecer de pé em período de inverno.
>> Definir uma linha de árvores, juntas, a cada intervalo de 4m a 6 m, formando um renque, espaçadas de 50m a 100m um do outro, com as plantas coincidindo na linha de café, para não atrapalhar a mecanização. Elas podem ficar numa ou em mais linhas de café, de acordo com a sua direção, obedecendo sempre ao
sentido perpendicular aos
ventos dominantes.
>> As árvores devem ser eretas, flexíveis, não caducifólias (aquelas que perdem totalmente a folhagem durante uma certa época do ano) apresentando bom crescimento, sistema radicular profundo, para explorar, principalmente, as áreas de solo não atingidas pelas raízes do cafeeiro. Devem ter boa resistência a ventos, poucos problemas com pragas e doenças, sendo, também, importante a ausência de frutos ou sementes semelhantes aos do café. Sua utilidade paralela, como fruteira, planta industrial ou madeira é também desejável.
>> A ramagem inferior das árvores deve ser podada, para deixar escoar a brisa, aproximadamente metade do vento. O restante tendo sua trajetória desviada para cima, em uma distância de 10 a 15 vezes a altura do renque. Essa eliminação de galhos, até cerca de 2m a 3m favorece também o escoamento de ar frio, no caso de geadas, evitando seu represamento sobre os cafeeiros.
Fonte: Clair Dias de Oliveira, extensionista da Emater-MG. Para mais informações, consulte o Plantão Técnico da Emater-MG, em Belo Horizonte: (31) 3349-8140. E-mail: atende@emater.mg.gov.br