Conselho Nacional do Café diz que está prevista a votação de um crédito
suplementar no Congresso Nacional; sem pagamento, país não tem direito a voto na
entidade
Maior produtor e exportador de café do mundo, o Brasil responde por 40% da
produção mundial do produto. De janeiro a agosto deste ano, o país exportou mais
de 23 milhões de sacas do grão. Mas a imagem de líder no setor sofreu um impacto
negativo, com a falta do pagamento da anuidade à Organização Internacional do
Café.
“Nós tínhamos um ano pra pagar, pagamos no último dia. E foram só 70%,
alegando a questão cambial. O contrato é assinado em libras, o nosso ministro da
fazenda sabe muito bem disso. Então não cabe essa desculpa. O café não merece
isso, faz parte da nossa história, foi uma irresponsabilidade do Planejamento e
da Fazenda”, diz o deputado federal Evair de Melo (PV-ES), integrante do
Conselho Nacional do Café.
O Brasil devia 382. 460 libras esterlinas. Com a desvalorização cambial, a
cotação da libra esterlina alcançou mais de seis reais, fazendo com que o
montante que havia sido aprovado na Lei Orçamentária Anual não fosse
suficiente.
Assim, no dia 30 de setembro, o Brasil pagou apenas 70% desse valor, o
equivalente a R$ 1,77 milhão. Em nota, o Conselho Nacional do Café afirma que o
Ministério da Agricultura vai propor ações institucionais para que o Congresso
Nacional aprove um crédito suplementar para o pagamento da dívida, o que poderá
ser feito em março, na próxima reunião anual da OIC.
Até lá, o Brasil
perdeu o direito a voto, sendo apenas membro observador. Para o setor produtivo
e autoridades ligadas à cafeicultura, a punição causa constrangimento e ainda
pode comprometer a permanência do Brasil na secretaria-executiva da
OIC.
“Entendemos que ações vão ser tomadas, porque o Brasil, como maior
player mundial, não faz o menor sentido estar fora por um ano. Eu acho que é
obrigação de todos, não só da produção, mas do governo de colocar o Brasil à
frente e com direito a voto”, afirma Breno Mesquita, presidente da Comissão
Nacional do Café da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil).
“Como tem eleição em setembro, a Comunidade Europeia está questionando a
credibilidade do país de apresentar candidato, por não honrar os compromissos.
Então o Brasil está afastado de todos os comitês da OIC e corre o risco de
perder a presidência da instituição”, diz o deputado Evair de
Melo.