SAFRAS (12) – Edgard Bressani, consultor da P&A Marketing Internacional,
está embarcando para a Suíça na próxima segunda-feira, onde será um dos juízes
do 7o World Barista Championship (WBC). O concurso mundial, que acontecerá de 17
a 21 de maio no Centro de Exposições de Berna, é promovido pela associação
européia de cafés especiais (SCAE), e reunirá competidores de mais de 40
países.
Primeiro juiz aprovado na certificação internacional (“Judge Certification
Program”), em Trieste, na Itália, em 2004, Bressani será o único juiz
brasileiro no campeonato. No mundo há somente 41 juízes certificados que podem
participar dessa etapa. Em 2005, Bressani foi juiz no mundial que ocorreu em
Seattle, EUA.
Em entrevista à Agência SAFRAS, Bressani aponta que a cultura das lojas de
café é algo que cada vez mais está na moda no mundo todo. “E o negócio tem tudo
para crescer com o investimento em qualidade. Sempre vale lembrar que o mercado
de cafés especiais é o que mais cresce hoje em dia. Temos embalagens mais
atraentes e sofisticadas, temos cafés vendidos em grão para máquinas de
espresso, várias máquinas no mercado (espresso, sachê), diferentes origens
encontradas, drinks deliciosos à base de espresso, lojas de alimentos gourmet
que já perceberam que o consumidor quer variedade e opções para escolher. Há
pessoas que pagam R$ 5,00 pelo kg de café e outras que pagam 30, 40 ou R$
100,00. O café está se sofisticando como o vinho”, comenta Bressani.
Para Bressani, esta diferenciação tem ajudado além de tudo a agregar valor
ao café. “Acredito que as pessoas que apreciam café vão ficar mais e mais
interessadas em saber sobre os cafés que consomem. O barista tem um importante
papel nesta história. Ele é o elo entre o produtor e o consumidor. Precisa
conhecer o café que está servindo, suas características e, acima de tudo, ter
conhecimento sobre a máquina e tudo o que é necessário para extrair um bom café.
Do contrário, ele pode destruir um café cujo quilograma custa R$ 100,00! E o que
você acha que o consumidor pensa neste momento? Que o barista não sabe preparar
o café ou que o produto é ruim? Não tenho dúvidas de que ele acha que o café é
ruim”, exalta. O consultor da P&A salienta que o barista está na linha de
frente com o cliente e precisa encantá-lo. Por isso, completa, as cafeterias
precisam investir em treinamento para que seus estabelecimentos sirvam um
produto melhor e em ambiente diferenciado.
Bressani organizou e acompanhou quatro dos cinco Campeonatos Brasileiros de
Barista que já ocorreram. Por, no último campeonato só conseguiu chegar no
último dia e foi mestre de cerimônia. “É perceptível a mudança no nível dos
candidatos. Antes as pessoas não tinham a mínima noção de ajuste de moinho,
compactação, temperatura, tempo de extração. Isso está mudando.
Internacionalmente acompanhei os Concursos Mundiais realizados em Oslo, Boston,
Trieste e Seattle. O nível dos baristas que competem está bem homogêneo. E por
isso os campeões ganham por atenção a detalhes”, observa. “Já organizamos
workshops com campeões de outros países e o interresse é perceptível. Antes não
havia nem literatura no Brasil sobre o assunto. Eu mesmo acabei de escrever um
livro que vai ser publicado ainda este ano sobre o assunto”, informa Bressani.
Bressani exalta que esta comunidade de “coffee lovers” (juízes, baristas
e outros) acaba sendo um grupo de “embaixadores do café” em seus países.
“Isso é bom. Traz experiência e intercâmbio de idéias”. Há pouco mais de 40
juízes certificados no mundo. Estes julgam os melhores e a responsabilidade
deles é enorme. Bressani teve a oportunidade de visitar vários países e
cafeterias. Na Rússia, em visita a Moscou e São Petersburgo, dá ficou
impressionado com o número e o movimento das lojas de café, apesar do país não
ser um tradicional consumidor. O consultor cita o exemplo da China: Só em
Shangai há 36 lojas da Starbucks. Hoje esta rede conta com mais de 10 mil lojas
no mundo e tem planos de longo prazo para chegar a 30 mil. “Com o mundo
globalizado, os jovens têm hábitos cada vez mais parecidos. Temos concursos de
qualidade no mundo todo. O café está se sofisticando como o vinho. Hoje já
encontramos no Brasil fantásticos cafés finos e especiais. Os selos de qualidade
também mostram ao consumidor que há diferença de uma bebida para outra. São os
consumidores que vão ditar as direções que os países produtores vão seguir nos
próximos anos. Os países vencedores desta corrida serão os que melhor atenderem
as tendências do mercado e os anseios do consumidor”, finaliza.