O mercado internacional de café teve um mês de março de fortes perdas, seguindo, na verdade, o comportamento geral das commodities ao longo do período. As preocupações com a economia americana derrubaram preços do petróleo, metais preciosos e as commodities agrícolas acompanharam o movimento.
Os grandes fundos e especuladores, buscando uma proteção diante dos riscos com um “colapso” da economia americana, liquidaram posições ao longo de março, varrendo o mercado sem distinções e isso prejudicou todas as commodities. O chamado movimento de “manada” destes fundos não se preocupa com fundamentos, por isso, mesmo com o café mantendo um quadro de aperto na oferta em relação à demanda, as cotações acabaram sucumbindo a esta atividade dos fundos.
No lado dos fundamentos, entretanto, algumas notícias também foram baixistas. A Companhia Tristão sinalizou que a safra brasileira de café este ano pode chegar a 53 milhões de sacas, assim como a trading Mercon apontou a produção em 53,5 milhões de sacas. Isso traz uma outra visão em relação à safra nacional para NY, já que a Conab (Companhia Nacional do Abastecimento) aponta a safra nacional em preocupantes 41,3 a 44,2 milhões de sacas.
No balanço do mês, a Bolsa de NY fechou a quinta-feira (27 de março) com a posição maio a 132,30 centavos de dólar por libra-peso, tendo forte queda no mês de 20,7%. Em 29 de fevereiro, o contrato maio em NY havia fechado a 166,80 cents/lb.
Já no mercado físico brasileiro, os preços caíram menos no mesmo comparativo (10,5%). No sul de Minas Gerais, o café arábica bebida boa terminou o mês de fevereiro com cotação de R$ 285,00 a saca de 60 quilos, enquanto neste dia 27 de março o mercado trabalhou a R$ 255,00. O dólar subiu um pouco ao longo do mês, contribuindo para suporte às cotações em real. Mas a postura defensiva, retraída dos produtores, foi o principal fator que evitou maiores perdas no mercado físico nacional.
(LC)