Agência Safras
09:41 24/11
Segundo uma pesquisa da comissão especial criada para examinar a gestão do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé) e do Conselho Deliberativo da Política do Café (CDPC), o fundo não tem atingido totalmente seus propósitos e a legislação sobre o tema deve ser mudada.
A pesquisa foi feita com representantes de 18 cooperativas de café; 19 sindicatos rurais; 11 empresas; 21 entidades públicas e privadas e 81 cafeicultores. Foram obtidas 150 respostas de cerca de 61,3 mil pessoas e instituições ligadas ao setor. O relator da comissão, deputado Carlos Melles (PFL-MG), apresentou o levantamento durante audiência pública na terça-feira (22).
De acordo com o relator, 56% dos entrevistados consideram que o Funcafé cumpre seu papel apenas em parte e 21% acreditam que o fundo não é suficientemente ativo. “É possível perceber o grau de insatisfação dos cafeicultores com a gestão e com a ação do Funcafé”, destacou Melles. Segundo ele, 56% consideram que os recursos são insuficientes; 81% acreditam que o fundo deve ser descontingenciado do Orçamento da União e 74% querem que seja criado um fundo autônomo gerido pelo setor. Produtores x governo
O resultado contesta os dados apresentados na audiência pelo diretor do Departamento do Café do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Vilmondes Olegário da Silva. Segundo ele, o fundo se recompôs e neste ano foi elaborado, com o apoio do setor cafeeiro, o Plano Nacional de Desenvolvimento do Agronegócio Café, com o objetivo de gerar emprego e renda e desenvolver de forma igualitária todos os setores da cadeia produtiva.
O diretor informou que o governo vendeu 3,25 milhões de sacas do Funcafé e quase 1 milhão de sacas que estavam estocadas desde 2003. “Assumimos em 2003 com um orçamento para o fundo de R$ 417 milhões e agora há R$ 2,1 bilhões”, afirmou.
Porém, o relator criticou o fato de os dois últimos governos leiloarem as sacas estocadas a um valor de 22 dólares (R$ 47,52) por saca, já que o custo de produção gira em torno de 70 a 80 dólares (R$ 151,2 a R$ 172,8). “Esses últimos seis anos foram um desastre para o setor”, reforçou.
Melles lembrou que o país é hoje o maior produtor mundial de café e o segundo maior consumidor, atrás dos Estados Unidos. “Onde o Brasil pisa, o mundo vai atrás. O começo do erro foi no governo passado, que vendeu a saca a 22 dólares. Quero que o governo entenda que é preciso mudar”, afirmou. As informações são da Agência Câmara. (RR)