Café perde oportunidades
Segundo o coordenador da área técnica da Faemg, Pierre Vilela, a crise internacional freou o potencial de recuperação dos preços do café, um dos principais produtos da pauta de exportações brasileiras. Minas Gerais é responsável pela metade da produção do grão. Vilela lembra que no período de junho a setembro de 2008, quando a colheita é intensificada, o preço da saca de 60 quilos estava sendo negociado entre R$ 250 e R$ 265. Neste ano, o preço mínimo do café arábica, estabelecido pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), foi para R$ 261,69/60 kg.
No ano passado, a produção de café registrou uma safra recorde, com 46 milhões de toneladas, das quais 23,5 milhões produzidas em Minas Gerais. Neste ano, porém, haverá uma redução de 15% no Brasil e de 18% no Estado, devido aos efeitos da bianualidade.
A queda na oferta significa recuperação dos preços, mas a crise internacional está freando a retomada do setor, que sofre um processo de estagnação há quatro anos. “Todo mundo está trabalhando no vermelho”, afirma Vilela.
O setor cafeeiro reivindica que a dívida com os bancos públicos, que financiam a produção, seja paga com o próprio produto. O superintendente de Política e Economia Aplicada da Seapa, João Ricardo Albanez, também ressalta que aspectos como o custo da produção influenciam no resultado do setor. No caso do café, por exemplo, a saca de 60 quilos está sendo negociada a R$ 261, mas o custo da produção pode chegar a R$ 310, em determinadas áreas.
Commodities. Outro impacto negativo da crise econômica é no comércio exterior, com o recuo do preço das commodities no mercado internacional. De janeiro a abril de 2009, o volume das exportações do agronegócio mineiro cresceu 44% em relação ao mesmo período do ano anterior, chegando a 1,7 milhão de toneladas. Na outra ponta, o valor exportado pelo setor não sofreu significativas alterações, respondendo por um aumento de 0,15%. (ZM)